Abril Despedaçado
Walter Salles parece ser um sujeito desesperado para ganhar um Oscar. A impressão que se tem é que ele filma para agradar os velhinhos da Academia ou a crítica internacional. Infelizmente, até agora, a sua tática não funcionou. E, o que é pior, produziu equívocos como Abril Despedaçado. O filme é lento, arrastado, desinteressante. A única coisa é ele seria capaz de ganhar é um festival de bocejos.
Abril Despedaçado é uma adaptação do livro homônimo do escritor albanês Ismail Kadaré. A trama é ambientada no interior do sertão brasileiro. Pacu (Ravi Ramos Lacerda) é um garoto curioso. Como toda criança tem uma série de perguntas a fazer. A principal é por que seu irmão Tonho (Rodrigo Santoro) precisa cumprir o código de honra que rege a família Breves.
Seu irmão irmão outro Inácio (Caio Junqueira) é assassinado por uma família rival. Cabe então a Tonho lavar a honra da família com sangue. Enquanto a matança sem fim prossegue o pai (José Dumont) e a mãe (Rita Assemany) aguardam rodando uma bolandeira e fazendo rapaduras. Como se vê Abril Despedaçado é hábil em despedaçar a paciência do espectador. De certa forma, o filme fica sempre girando em círculos. Leva do nada ao lugar nenhum.
Vale notar que a crítica destacou a interpretação (sic e sci) de Rodrigo Santoro. O ator simplesmente não consegue convencer na pele de um nordestino. Nem por decreto presidencial. Se as pessoas se parececessem com Santoro no agreste brasileiro, a Ford Models montaria uma agência de talentos por lá.
Abril Despedaçado é mais lento que tropeiro de lesma. Assista a Abril Despedaçado se estiver sofrendo de insônia.
(Abril Despedaçado, BRA/SUI/FRA, 2001), Direção: Walter Salles, Elenco: José Dumont, Rodrigo Santoro, Rita Assemany, Luiz Carlos Vasconcelos, Ravi Ramos Lacerda, Flavia Marco Antonio, Everaldo Pontes, Othon Bastos, Duração: 99 min.