Enem 2020 - A vida não pode parar (mas parou de novo)
A propaganda do governo brasileiro em tempos de pandemia está mesmo de parabéns. É um erro atrás do outro. Só não dá para dizer que é a perfeição em forma de incompetência porque perfeição não existe. Mas, em maio, o Ministério da Educação (MEC), ainda sob gestão de Abraham Weintraub, lançou uma propaganda nas redes sociais e na TV sobre o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020 com o lema “A vida não pode parar”. Só que ela parou e - mais importante - o Enem foi adiado. Ou seja, essa foi uma publicidade mais inútil do que buzina em avião.
No vídeo, atores adolescentes convocam os estudantes brasileiros para "estudar, de qualquer lugar, de diferentes formas, pelos livros, pela internet, com a ajuda a distância dos professores". Sim, são atores. Afinal de contas que tipo de estudante pede para que uma prova NÃO seja adiada? A peça publicitária também serve para informar o período de inscrição do Enem 2020 de 11 a 22 de maio.
Aliás, o texto da propaganda beira o inacreditável. “E se uma geração de novos profissionais fosse perdida?” questiona um dos atores do vídeo. Aparentemente, nós já temos várias e várias gerações perdidas. É só ver os resultados das últimas eleições.
Depois de ir ao ar, a expressão Enem parou nos trending topics do Twitter. E as mensagens eram de críticas, principalmente de alunos que se sentiram prejudicados. Entre os motivos está a falta de preparo das instituições ao estabelecer a continuidade das aulas e infraestrutura necessária para continuar estudando à distância. Mais ainda: vários estudantes sequer têm condições de estudar pela internet.
Aparentemente, o MEC conseguiu uma bolsa de estudos e se mandou pra Bélgica. Por que a realidade brasileira é bem diferente. De forma bem simples e didática, o ministério da Educação mandou todo mundo se virar. Cada um com seus problemas. Só que, no final das contas, Abraham Weintraub deixou de ser ministro e o Enem foi adiado. Como se não fosse suficiente, ninguém sabe ainda quando as aulas vão retornar. Moral da história? Esse governo está mais perdido que surdo em bingo...