O Brasil Não Pode Parar (mas parou)
Senhoras e senhores, temos um vencedor. Nada. Absolutamente nada pode superar - em termos de equívoco publicitário - a campanha "O Brasil Não Pode Parar" feita pelo governo federal. O absurdo foi tão grande que a a Secretaria de Comunicação do governo (Secom) divulgou nota afirmando que “não há qualquer veiculação em qualquer canal oficial do governo federal a respeito de vídeos ou outras peças sobre a suposta campanha”.
Para deixar tudo ainda mais espetacular, o vídeo da peça publicitária foi divulgado nas redes sociais por um dos filhos do presidente Jair Bolsonaro, o senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ), no dia 26 de março. No dia seguinte, a Secom divulgou uma nota afirmando que o vídeo havia sido produzido em caráter experimental e que “seria proposta inicial para possível uso nas redes sociais”.
Por que uma reação tão rápida, tão enfática? Simples, o comercial em meio a uma pandemia, mandava as pessoas voltarem ao trabalho. Sim, o Brasil conseguiu o prodígio de produzir uma peça publicitária que contraria a lógica, o bom senso, a maioria dos países civilizados do mundo e todas as recomendações da Organização Mundial da Saúde! Essa é a definição mais precisa de obituário da publicidade!!
Fica claro que estamos diante de um equívoco quando a Justiça entrou em campo. É sério. A Justiça Federal do Rio de Janeiro proibiu no sábado, 28 de março, que a União divulgue peças publicitárias relativas à campanha “O Brasil não pode parar”. A decisão atende pedido do Ministério Público Federal (MPF) assinado por 12 procuradores. Em caso de descumprimento, será aplicada multa de R$ 100 mil por infração.
Na decisão, a juíza Laura Bastos deixa claro que “o incentivo para que a população saia às ruas e retome sua rotina, sem que haja um plano de combate à pandemia definido e amplamente divulgado, pode violar os princípios da precaução e da prevenção”. Mais ainda: a veiculação da propaganda “confere estímulo para que a população retorne à rotina, em contrariedade a medidas sanitárias de isolamento preconizadas por autoridades internacionais, estaduais e municipais”.
Uma campanha que custou 4,8 milhões e não pode ser exibida porque colocaria a população brasileira em risco? Realmente, é a maior estupidez publicitária do ano. Tá, ok?