A valorização da burrice coletiva
O Facebook, ora vejam só, decidiu apostar em uma publicidade tradicional. Fez uma campanha global chamada “Somos Mais Juntos” para ser exibida em TV aberta e paga. A criação é da Wieden+Kennedy de São Paulo. Sim, uma rede social de gente velha investindo em televisão. Até que faz um certo sentido.
Na verdade, essa é a primeira campanha voltada diretamente ao consumidor. Ela, inclusive foi lançada nos Estados Unidos com o nome “More together”. A previsão é de também serem feitas versões para Alemanha e Reino Unido. As diversas peças e filmes vão se dividir em seis fases conforme os grupos de interesse. Música foi a estreia, e, na sequencia, serão abordados temas como saúde & bem-estar, animais & pets, games & entretenimento. Uma pesquisa da própria da plataforma indicou que esses assuntos provocam grande mobilização nos grupos.
O comercial que merece destaque no obituário é "Mães". Nessa peça uma mulher está tendo dificuldades em cuidar de uma menina muito ativa. Então, o que ela faz? Pega o celular, acessa o Facebook e começa a pedir conselhos. O que se segue é um festival de senso comum, de banalidades. Dicas típicas de quem se formou na Faculdade Whatsapp (que, aliás, também pertence ao Facebook).
A criança corre, pula em cima do sofá, faz arte, mete a língua no ventilador. A mulher segue conectada no celular perguntando onde fica o botão liga-desliga. Nenhuma mãe do grupo fala para educar a menina, para fazer uma repreensão. Longe das mamães do Facebook condenar uma pobre criança...
O mais incrível é que o grupo não dá a dica certeira. Era só passar o celular para a criança. Coloca no Youtube no canal da Galinha Pintadinha. Pronto. Resolvida a questão. Uma pena que o comercial não é do Google, facilitaria muito a vida da Wieden+Kennedy.
No final, a surpresa. A filha era da vizinha. Então, para cuidar da criança, ao invés de buscar um site especializado, a solução foi buscar dicas genéricas em grupo do Facebook? Isso é que dá economizar o dinheiro da creche.
Uma curiosidade: o casting ter uma pequena porcentagem de atores. Mas a campanha optou por utilizar diversos usuários reais para gravar os vídeos e participar das sessões de fotos. A Stink Films produziu os comerciais com uma equipe majoritariamente feminina, um pedido do Facebook. As fotos têm assinatura de Bob Wolfenson.
No final das contas, a campanha prova que o Facebook valoriza burrice coletiva. Nada de errado com isso. No Brasil, esse material abunda. De qualquer forma, o finado Orkut também apostava em grupos (que se chamavam comunidades). E deu no que deu. Fica a dica, Zuckerberg...