Mesmo que você tenha esperança, não vai ser uma Gisele Bündchen
Apesar desta impoluta coluna analisar o meio publicitário, vale dizer que os jornalistas ficaram muito felizes com a polêmica a respeito da campanha da Hope que trazia Gisele Bündchen “ensinando” às mulheres qual a forma “certa” de se dar más notícias ao marido: usando apenas calcinha e sutiã. Ou seja, finalmente ouve uma justificativa jornalística para colocar a modelo seminua nas manchetes...
Qual foi o problema da campanha da Hope?, Bem, a Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM), do Governo Federal, considerou a campanha sexista. E resolveu pedir ao Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) que proibisse sua veiculação.
A SPM emitiu uma nota sobre o assunto. É sério. O texto diz que: “A propaganda promove o reforço do estereótipo equivocado da mulher como objeto sexual de seu marido e ignora os grandes avanços que temos alcançado para desconstruir práticas e pensamentos sexistas. Também apresenta conteúdo discriminatório contra a mulher, infringindo os artigos 1° e 5° da Constituição Federal”. De acordo com a Secretaria, vários telefonemas de mulheres descontentes com a campanha publicitária foram recebidos pelo órgão (sem trocadilho).
Pronto. Foi o que bastou para todo intelectual de botequim se manifestasse. Todo mundo quer dar algum palpite na vida Gisele Bündchen. A grande questão, ao que tudo indica, toca em um ponto bastante explorado na publicidade. Ou seja, é válido mostrar a mulher usando a sensualidade para conseguir alguma coisa? Isto não seria “degradante” e “anti-feminista”?
Bem, a Pepsi fez uma campanha em que as gêmeas do nado sincronizado aceitavam dividir o quarto de hotel com um desconhecido – algo do tipo "pague um leve dois" e ninguém deu a mínima. Então o problema é só com a Gisele Bündchen? Aliás, todos os programas humorísticos do país usam a mulher como uma figura que abusa da sensualidade para conseguir o que quer...
Certo. Mas e a propaganda em si? O que ela tem de errado? Simples, caro zeronauta. As peça da Hope mostra um dos erros mais comuns da publicidade. Ou seja, a simples presença do produto ou da marca em questão faz toda a diferença. Só mesmo nossos maravilhosos publicitários para acreditarem nisso. Pode olhar para a sua mulher. Imagine ela na mesma situação. Você seria um marido tão compreensivo se ela usasse Hope? Claro que não. Fica a dica para as consumidoras. Mesmo que você tenha esperança(*), não vai ser uma Gisele Bündchen
(*) Um trocadilho internacional! É a ZeroZen ajudando a subir o nível do humor tupiniquim!
"Hope”