Compense sua falta de vida com um carro novo?

A ZeroZen já disse antes, mas vale repetir. Poucas coisas são mais fáceis do que vender um carro no Brasil. Por isso que normalmente as campanhas beiram ao ridículo. Agora, os nossos maravilhosos publicitários decidiram investir em um nicho bem específico: as pessoas altamente frustradas, sem um resquício de vida, mas com algum dinheiro no banco. Pelos menos essa parece ser a ideia do comercial da picape Hoggar, da Peugeot.

O filme da campanha foi criado pela Agência LODUCCA.MPM e teve na criação Carlos Thumn, Ezequiel Tuma, Juan Cruz, Mirna Nogueira, Olivia Cho, Roberta Moraes e Wolfgang Covi. No comercial, é possível ver um homem entre 30 e 35 anos, de pé, no centro da caçamba da picape Hoggar.

Em um plano sequência, a câmera dá um giro de 360 graus em torno da picape. Ao mesmo tempo, ao seu redor, surgem cenas sobre o que está sendo dito pelo ator. Em todas as cenas, o movimento está congelado e tudo acontece em um mesmo cenário, como se a vida deste homem girasse em torno da sua Hoggar.

Então, o homem do comercial começa o seu discurso. Surge uma cena do ator em uma cena congelada de um salto de paraquedas. Mas ele confessa:

- Nunca saltei de pára quedas.

A câmera continua o seu movimento seqüencial e vemos o nosso ator descendo de rapel em uma cachoeira. E novamente ele admite:

- Nunca fiz rapel em cachoeira.

A câmera, sempre em seu plano seqüencial para a esquerda, revela agora uma porção de água e, em seguida, submerge nela. Outra vez o homem revela sua falta de aptidão:

- Nunca mergulhei com tubarões.

A câmera continua em 360 graus, quando vemos o nosso ator, de pé, de frente para um cavalo empinado. Nem precisa dizer que novamente o dono da Hoggar segue empilhando fracassos:

- Nem montei em um cavalo selvagem.

A câmera se aproxima da caçamba da Hoggar de lado, onde vemos o nosso ator, que fala para a câmera:

- Mas, o meu risoto, você tem que experimentar.

Epa! Epa! Como assim? Quer dizer.... o futuro comprador do Hoggar não fez nada de divertido ou emocionante na vida. O máximo de ousadia que ele se permite é cozinhar um risonho! Toda aquela adrenalinana hora de cortar a cebola... Isso sim é que é ser um derrotado, um fracassado, um perdedor.

Só fica a pergunta: esse é o tipo de qualidade que deve ser associada com o produto? Só se a ideia é mesmo vender carros para as pessoas altamente frustradas, sem um nesga de vida. Em tempo, ninguém da redação da ZeroZen faz - ou tem o mínimo interesse de aprender a fazer - risoto...

Da Equipe de Articulistas

Picape Peugeot Hoggar