Brasil Telecom e os miseráveis
A Brasil Telecom veicula - já faz algum tempo - uma campanha publicitária que pretende mostrar seu novo posicionamento institucional. Nos filmes, a principal característica é o foco mais humano, no cliente, e não na competição de preços. Os filmes fogem do padrão e quebram o atual formato das propagandas focando no dia-a-dia de pessoas comuns presentes no nosso cotidiano. Bem... antes de mais nada um aviso aos amigos publicitários: como já dizia Joaosinho Trinta quem gosta de miséria é intelectual.
O fato é que os comerciais assinados pela agência de publicidade Leo Burnet e com edição do documentarista Roberto Berliner, não conseguem empolgar. E olha que isso realmente não seria uma tarefa nada fácil, já que transformar a Brasil Telecom em algo simpático é mesmo uma tarefa árdua...
De qualquer maneira, a campanha quer mostrar os brasileiros de todos os cantos do país, aqueles que nós esbarramos no elevador, na garagem do prédio, na fila do banco, aqueles que puxam conversa na sala de espera do dentista, enfim, exatamente aquele tipo desprezível de gente que você faz questão de manter distância.
Para Dalton Hayakawa, diretor de Marketing da Brasil Telecom. "os filmes revelam a rotina desses cidadãos e mostram como os serviços e produtos da Brasil Telecom descomplicam suas vidas". Até aí, tudo bem.
Aliás, a idéia, de acordo com Dalton, é prestigiar um cliente de cada lugar onde a BrT está presente. "Nosso desejo é que todos aqueles que vejam nossa propaganda se sintam próximos do protagonista, que identifiquem os mesmos anseios, como bons serviços para qualquer cliente, desde aquele que possui apenas um celular pré-pago, mas também aquele que tem em casa telefone fixo, móvel, banda larga de alta velocidade e IPTV."
O problema realmente está em como os comerciais foram editados. O mais espetacular deles conta a história de Gabriela, uma estudante de 19 anos. A moçoila não tem, digamos assim, um padrão de beleza de uma modelo internacional. Além disso, talvez esteja com uma forma corporal alternativa.
Para piorar, parece morar longe de qualquer vestígio de civilização. Está cercada de mato pot todos os lados, atravessa uma frágil ponte de madeira e por aí vai... Ela ainda dança com sua mãe e sua irmã. Possivelmente, foi o mais próximo de diversão que ela chegou na vida.
Quando metade do público já está desesperado pela situação de penúria e mendicância da garota (a outra metade já trocou de canal) o comercial se encaminha para um final inacreditável. Gabriela inicia um sensacional discurso onde diz que seu telefone é da Brasil Telecom, seu celular é da Brasil Telecom, sua internet é da Brasil Telecom...
Só faltou um detalhe... Alguém para perguntar: "e você sabia que existem outras operadoras no Brasil?". A resposta de Gabriela seria algo como. "Não me diga, mas o que é a tecnologia...".
Pelo visto, a Brasil Telecom pode ficar com os pobres, com os miseráveis, com os pedintes, com os indigentes, com os desvalidos pela sorte. O resto das operadoras se contenta em vender Iphones para os magnatas...
Brasil Telecom - Gabriela