The White Stripes - White Blood Cells

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2001 foi um ano difícil para música. Nossos amigos críticos passaram o ano inteiro tecendo elogios desvairados e inconseqüentes para bandas anódinas como The Strokes, até que perceberam que iriam precisar de um plano B. De uma outra "revelação" para compensar o ‘hype’ exagerado sobre o capenga quinteto nova-iorquino. Então no meio do oceano de porcarias lançados no ano passado, no desespero típico dos náufragos de ‘segundo-cadernos’, esse pessoal viu no duo The White Stripes uma ilha em que poderiam aportar seus elogios fáceis. Mas deviam ter checado antes para saber exatamente onde estava se metendo...

The White Stripes é um duo de Detroit, formado pelo guitarrista Jack White e pela baterista Meg White. A banda(sic) iniciou suas atividades em 1999 e já tem três discos nas costas. Logo não é necessariamente uma novidade.

Além disso The White Stripes não é o que se pode chamar de banda de rock alternativa padrão, do tipo que eleva o abandono, o desinteresse e o desleixo a forma de arte. Eles definitivamente não parecem saídos diretos das páginas do guia de música alternativa para idiotas (Alternative Music Guide for Dummies), como o pessoal dos Strokes. Na verdade, a som da dupla é, pasmem, bastante convencional e fortemente baseado no folk e no blues americano. Quer dizer, blues contemporâneo e ‘moderninho’ de bandas como Jon Blues Spencer Explosion e The Delta 72. Mas ainda assim blues, origem do rock’n’roll e daquela história toda. Talvez por isso eles soam tão alternativos quanto Coca-Cola Light.

Para terem uma idéia, a faixa "Offend in Every Way" lembra nota por nota a introdução de "Here Again" do primeiro álbum do trio canadense Rush! Sério! Vai ser moderno assim lá no Afeganistão. E a coisa não para por aí, o guitarrista Jack White parece ter gastado um bom tempo de sua vida ouvindo Jimmy Page. Mas pelo visto não aprendeu muito...

A única coisa que realmente destoa no som do duo é o óbvio minimalismo dos arranjos, criados apenas à base de bateria, guitarra e ocasionais teclados. A ausência de baixo não ajuda em nada, principalmente se a maioria das faixas não possuem um riff ou um refrão que se possa lembrar. No final a pergunta que não quer calar é: quão difícil deve ser encontrar um baixista decente em Detroit?

Enfim a coisa mais positiva de  White Blood Cells é que este não se parece em nada com  Is This It, dos Strokes. Nada aqui é essencial ou imprescindível, a não ser no delírio de algum crítico mais afoito. O máximo que o álbum consegue é um lugar na seção de curiosidades inconsistentes na discoteca do ouvinte. Para resumir em poucas palavras: é o que se pode chamar de um CD de fácil download, mas que no fundo não vale uma mídia.

Pedro Camacho