VMB 2008 - Transe hipnótico corporativo
Em 2008 a MTV se viu, pasmem, no dilema de voltar a ter que passar música, <ironia> algo impensável numa emissora que se chamada MUSIC TELEVISION </ironia>. Dedicando um bom espaço na programação ao MTV Lab, que concorre nas madrugas contra programas religiosos e a barra de cores do SBT e não por acaso costuma perder para ambos... Convenhamos você não tem como vencer deus, mas ao menos devia ter mais audiência que a barra de cores do SBT...
O problema é que os gênios por trás da emissora resolveram segmentar a programação de clipes do MTVLab, criando faixas para diferentes estilos musicais: clássicos, MPB etc. Tipo, isso funciona numa FM, onde você pode trocar de rádio sempre que ouvir uma música que não é do seu interesse. Mas não existe alternativa para a MTV. Assim o incauto telespectador que não apreciar um estilo musical qualquer, ao trocar de canal não volta mais, Tornando toda a idéia uma grande furada. Mas esses caras não acreditavam que o Cazé era um grande apresentador, inclusive dedicando três programas numa temporada para o cara?
O tema do VMB desse ano era "Transe hipnótico coletivo", pelo menos nas chamadas divulgadas pela emissora antes do evento, pois lá a coisa ficou mais para um "transe hipnótico corporativo", representado pela nata falida da indústria fonográfica brasileira que merece mesmo um prêmio por não conseguir mais vender música no país. E lá vamos nós de novo: por que a emissora não pode entregar um prêmio pura e simplesmente, como o faz o pessoal do Multishow que criou um prêmio só para premiar seus álbuns ao vivo? Ao invés disso precisa criar todo ano novos 'temas' ou outros subterfúgios pseudo-moderninhos para um evento que fica cada edição mais irrelevante?
O apresentador Marcos Mion-mole iniciou o programa descendo com balões no palco, numa referência óbvia ao padre catarinense Adelir de Carli, aquele que resolveu sair de balão no meio de uma tempestade e não sabia como funcionava um GPS. Não teve graça alguma e pegou mal. E isso foram só os primeiros minutos...
Na seqüência o duble de apresentador passou a imitar os concorrentes do VMB: Vanessa da Mata, NX Zero, Mallu Magalhães e Chorão do Charlie Brown Jr. O comediante Jimmy Fallon fez algo parecido na MTV americana uns dois anos atrás e Marcos Mion-mole não é um imitador, comediante ou mesmo um apresentador. Sem falar que a inclusão no final do quadro de uma imitação do esporro de Caetano Veloso no VMB de 2004(!) acabou totalmente fora de lugar e gratuita e foi o primeiro de muitos prêmios de faísca atrasada da noite.
Depois Marcos Mion-mole insistiu o tempo todo durante o programa, que esse era o VMB mais imprevisível de todos os tempos por ser interativo. Inclusive a seleta platéia poderia votar e escolher categorias como 'Banda dos Sonhos'. Imprevisível? Nem um pouco. Irrelevante? Como sempre...
Diga-se de passagem essa foi a terceira vez que Marcos Mion-mole apresentou o VMB... O incauto zeronauta pode ficar imaginando que exista vida após o fim de carreira. Mas, não cometa esse erro: apenas a MTV não conseguiu ainda produzir um idiota designado para substituí-lo...
Curtas
A chamada do evento pedia repetidamente para o público da MTV para acordar. Péssima idéia: se o público da MTV acordar vai ter que desligar a TV e voltar a dormir...
Marina "mobília" Person, Luiza Micheletti e Mariana Moon do és-crap com seu cabelo rosa de personagem de anime japonês fizeram o pré-show do VMB e tirando alguns problemas técnicos com o microfone de Marina Person nada de interessante aconteceu ou foi dito. Não que alguém esperasse por algo diferente.
Esse não era o VMB mais imprevisível de todos os tempos? Só recapitulando: a Pitty ganhou um prêmio e o Marcelo D2 fez um show. O que isso tem de imprevisível?
Segundo Marcos Mion-mole a MTV agora chega a mais de 18 milhões de lares via antenas parabólicas, o que não quer dizer necessariamente que esses 18 milhões de lares estão sintonizados na MTV. E se você descontar aqueles telespectadores que a emissora perdeu com o fiasco das negociações com a Sky, a coisa toda fica num empate.
Diga-se de passagem não é curioso que a revista Veja, que pertence ao Grupo Abril, seja o único meio de comunicação que ainda promove o VMB? E que, por uma daquelas coincidências improváveis nunca falou mal da MTV...
Lobão e João Gordo entregaram o prêmio Aposta MTV para a banda Garotas Suecas, quem? Os dois apresentadores tem muito em comum, afinal Lobão é o novo João Gordo: fazendo por dinheiro e por um pouco de estabilidade na vida....
Nove Mil Anjos, banda do Junior Lima, o irmão menos esperto da Sandy, fez sua estréia em rede nacional no VMB e já desponta para o anonimato. Espécie de super-grupo da música corporativa brasileira, formado por um bando de gente que deve ter se encontrado na fila do seguro desemprego. Isso, ou eles foram formados por algum executivo desocupado de uma grande gravadora nacional. O que, convenhamos, é um pleonasmo.
A vitória da banda Paramore como artista internacional foi recebida pela platéia por um daqueles silêncios constrangedores, típicos do evento. Ao que parece a MTV não consegue acertar nem mesmo uma votação forjada...
Marcelo Adnet, digo Adnê, pois adnet é nome de spyware, fez um resumo improvisado dos acontecimentos do evento ao final de cada bloco. <ironia> Esse cara ainda vai tem um programa na Band... </ironia>
O áudio do vencedor do prêmio Web Hit "Dança Do Quadrado" saiu bem antes dos apresentadores Paulo Mikos e Mallu Magalhães concatenarem os poucos neurônios restantes para apresentarem o vencedor. Normal...
Diga-se de passagem a sensação, entre aspas, Mallu Magalhães, de 16 anos, foi a grande perdedora da noite, perdendo todas categorias que concorria. Ela é jovem e tem tempo para ir se acostumando... Mas o primeiro passo para sair dessa é se afastar das más-companhias. Como, por exemplo, a MTV.
O VMB contou com uma apresentação Bonde do Rolê, mas a banda é tão semana passada, que só teria alguma relevância no VMB do ano passado. Mas é aquela velha síndrome de faísca atrasada da emissora...
Para entregar o prêmio de Artista do ano, supostamente o mais importante da noite, a MTV chamou a jogadora de vôlei Fofão e o nadador César Cielo, que mal podiam disfarçar a total inadequação. E depois os vencedores foram o NX Zero, tipo e daí?
Durante a entrega do VMB de Artista do Ano para o NX Zero, uma das novas vocalistas do Bonde do Role subiu ao palco para exigir o prêmio. Num daqueles momentos mal ensaiados que só o VMB sabe proporcionar. Talvez a idéia fosse imitar o chilique do aparecido Kanye West no VMA europeu, mas a coisa ficou tão sem graça e forçada que o vocalista do NXZero, constrangido, teve que pedir para platéia para aplaudir, caso contrário seria outro daqueles silêncios constrangedores...
No final do evento a produção do VMB reuniu ao melhor estilo "We are the World" vários artistas da música popular corporativa brasileira para cantar num vídeo pré-gravado a canção "Furfles Felling", hit alternativo de Marcelo Adnet. Tipo, essa gente tem mesmo muito tempo livre de sobra...
E ainda: Chitãozinho & Xororó e Fresno, Ben Harper e Vanessa da Mata, Block Party fazendo playback!, Pitty e Casca Dura(?). Tipo é gente demais para ficar fazendo comentário. Mas uma pergunta não quer calar quem é Dani Calabresa e o que ela está fazendo na MTV?
Vencedores:
Artista do Ano
NX Zero - Arsenal/Universal
Artista Internacional do Ano
Paramore - Warner
Banda/Artista Revelação Strike - Deckdisc
Aposta MTV
Garotas Suecas - Independente
Hit do Ano
NX Zero - "Pela Última Vez " - Arsenal/Universal
Melhor Show
Pitty - Deckdisc
Clipe do Ano
NX Zero - "Pela Última Vez" - Diretores: Fabrizio Martinelli/Paulinho Caruso - Arsenal/Universal