MTV VMB 99 - A vitória da Minoria Rabugenta

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Em sua quinta edição o VMB(Vídeo Música e Bananas), a versão abrasileirada do MTV Music Awards, que estranhamente suprimiu a palavra prêmio em sua cópia nacional, logo não tem, tecnicamente, qualquer significado ou validade. Parece demonstrar, a julgar por seus resultados, que nem sua audiência cativa, nem a própria MTV se adaptaram completamente às mudanças na programação da emissora. 

Além de ignorar, sistematicamente, nas principais categorias do evento, as novas vedetes da programação da emissora. A maioria dos resultados mostraram a natural incoerência de premiações desse gênero. Entre as premiações mais esdrúxulas estão, com certeza, os prêmios de Melhor Clip do ano e Melhor Direção de Arte para a banda mineira Skank por "Mandrake e os Cubanos". Um vídeo clip medíocre, sem absolutamente nada que justifique tais premiações. Desconfiamos até que ninguém tenha explicado direito o que é direção de arte para os jurados do VMB. Mas também, isso é o que dá colocar publicitários e socialites para julgar música. O vocalista Samuel Rosa depois da premiação fez questão de agradecer aos amigos da Sony Music que "tornaram esse prêmio possível", ele não poderia ter dito nada mais correto. 

Já a vitória dos Raimundos na escolha da audiência representa uma conquista da minoria roqueira rabugenta, que se sentiu ofendida quando a MTV abriu suas portas para pagodeiros, sertanejos e os baianos da Axé Music. Como observou Rodolfo vocalista dos Raimundos: "Rock também é MPB". Certo. Mas não só rock, mas como também  Lady Lu, os discos de piadas do Costinha, até o Tiririca também é. Mas, cá entre nós, isso não quer dizer nada. A MTV abandonou o rock nacional, pois, simplesmente, sustentar bandas anódinas e apócrifas não dá dinheiro, nem audiência no Ibope. 

Esses pobres coitados sem talento, que fazem uma musiquinha dita alternativa, que ninguém quer ouvir, e que antes eram os queridinhos da emissora. Além de dependerem da MTV para tudo, nunca conseguiram sair dessa vidinha clichê de pseudo-pop-star sem futuro. Essa gente tem mesmo do que reclamar, pois afinal perderam o único espaço que possuiam para perpetuar suas carreiras medíocres. Mas no fundo esse pessoal tem mais é que mudar de profissão. Pois se não tem competência que não se estabeleça, já dizia minha vó. 

Vejam o caso do cantor Reginaldo Rossi, que foi um dos apresentadores da noite, ele é o melhor exemplo para entender o que estamos falando.  Rossi, que está nesse negócio de música a 35 anos, e já vendeu mais de 15 milhões de discos. Nunca precisou de MTV, de Faustão, de Gugu, de ninguém para vender seus discos. Sempre batalhou seu próprio espaço, e não conquistou seu público da noite  para o dia. Tanto que só agora foi reconhecido no sul do país. Quando a MTV abre suas portas para alguém como ele, faz por merecimento, não para dar uma força, ou para fazer um favor. Já os geniozinhos que a MTV carregava nas costas, com seis meses de carreira e sequer um disquinho lançado, já queriam clip na programação, bajulação da crítica etc.

O que a minoria roqueira não percebe é que a MTV é uma espécie de Cassino do Chacrinha dos anos 90, a única diferença é que o Chacrinha tinha uma audiência muito maior. Mas no fundo não mudou muito. A MTV não passa o vídeo de ninguém de graça. Uma TV como a MTV não vive só de publicidade, mesmo que vivesse, uma emissora sem audiência não atrai muitos anunciantes. Aliás, nós sugerimos a troca do nome para NTV(Ninguém Tê Vê). Portanto, a questão na mudança da programação da emissora não é sobre ser alternativa ou não, mas sim sobre ser lucrativa. Essa gente jovem que não paga as próprias contas, parece absolutamente não entender isso. A maioria não-assalariada que compõe a audiência da MTV, deve achar que uma emissora de TV vive de mesada.

Mas o que é mais estranho é porque diabos os pagodeiros, sertanejos e o pessoal da axé music ficaram tão felizes com essa mudança na progaramação da MTV. A audiência da emissora beira o traço, com picos de um ponto ou dois. O VMB teve a maior audiência da MTV em todos os tempos com 3 pontos no ibope, com picos de 3,7. Uma aparição no Gugu ou no Faustão ou em qualquer outros desses programas populares, de um desses grupos de pagode e assemelhados, equivale a um mês de divulgação na MTV, com o detalhe fundamental de estar se apresentando para uma audiência que lhe é receptiva e consome seus CDs. Ou seja, simplesmente não é negócio.

Além disso, no Faustão e no Gugu pagodeiro não precisa tocar funk, como o Art Popular, nem a Ivete Sangalo tem dar uma de cantora de MPB séria e cantar Wilson Simonal (que um grande jornal do centro do país chamou de soulman?! Soulman? HAHAHA algum desses jornalistas de fim de semana deve ter confundido Wilson Simonal com o Wilson Pickett). Quer dizer é a velha história: para entrar na MTV o artista tem que se adaptar aos padrões da emissora. Só que a MTV não tem nada a oferecer que justifique sequer alguém cogitar isso.

Notinhas de bastidores

• O VJ Cazé surpreendeu e foi o melhor apresentador que o VMB já teve. Longe de seu habitat natural de fugitivo do hospício e atração de freak show, Cazé foi hilário: queimou o Carlinhos Brown, apresentador do ano passado, sacaneou a Adriane Galisteu e o VJ Rafael. O cara realmente roubou a festa. Na verdade Cazé deveria se dedicar exclusivamente à apresentação do VMB. Pois uma vez por ano de Cazé é suficiente, mais do que isso é o fim da picada.

• O tema da festa deste ano era algo a respeito dos 500 anos do Brasil, mas se ninguém dissesse, dificilmente poderia imaginar. Pois parecia mais uma homenagem à tropicália ou à Brasília. Quer dizer se o gênio que planejou a festa acha que tudo o que foi feito de relevante em quinhentos anos de Brasil foi a Tropicália e Brasília, duas anomalias execráveis, realmente não fizemos muito do que se orgulhar. Inclusive, o show de encerramento do VMB, uma espécie de revival da Tropicália, que contou com Caetano Veloso, um dos grandes perdedores da noite, Gilberto Gil, completamente afônico, Rita Lee, que deve ter esquecido de tomar o remedinho para cabeça, e Tom Zé, que é gringo e não conta. Nada poderia ter sido mais infeliz. Depois da primeira música "Parque Industrial", grande parte da platéia se deu por vencida e foi embora. Pouca gente ficou para ver uma chata e dispensável reinterpretação de "Batmacumba".

• O VJ Rafael, vocalista daquela bandinha gosmenta, Baba Cósmica, outra causa perdida que a MTV parece ter adotado. Errou de festa, e compareceu ao VMB vestido como quem vai a uma formatura do segundo grau. No convite não especificaram para o garoto que podia usar traje esporte.

• A MTV continua com a mania de promover encontros musicais inusitados. No VMB conseguiu juntar no mesmo palco Milton Nascimento, Lô Borges, Samuel Rosa do Skank e o Titã Nando Reis. para interpretar a música "A resposta". No final da desastrosa apresentação marcada por problemas técnicos, pouco entrosamento entre os participantes, e vozes falhando aos montes, Samuel Rosa lascou: Crosby, Stills, Nash and Young. Se referindo ao quarteto americano que tocou em Woodstock. Sendo pela ordem: Nando Reis( Crosby), Samuel ( Stills), Milton Nascimento( Nash) e Lô Borges ( Young). Em duas palavras: no way. Mas de jeito nenhum mesmo.

• Arnaldo Antunes que ganhou o Clip de Ouro de melhor Vídeo Pop, por "Música para ouvir", dividido com o Skank por "Mandrake e os Cubanos",  foi injustamente esquecido em outra categoria muito importante, que é o de pior Professor que a Escolinha do Barulho já teve. Nessa não teve empate: ganhou disparado. Quem viu, só tem uma palavra para definir: constrangedor.

• Agora uma grande falta foi sentida nesse VMB. Não estamos falando de Chico Buarque, nem estamos falando de Zeca Pagodinho. Sim estamos falando dele: Carlinhos Brown. O que aconteceu com o Bruxo Brown, que apresentou 'magistralmente' o VMB do ano passado e entrou para história por ser o único apresentador do evento a ser chamado de filho da puta pela platéia? E que depois entrevistado pela Astrid Fontenelle, se saiu com aquela máxima baiana que ser filho da puta é bom. Então tá. A MTV aparentemente resolveu não carregar mais essa mala, e nem o convidou para festa. Será que alguém sentiu a falta dele? O Herbert Vianna talvez?

• Uma das mais incríveis vitórias da noite aconteceu quando Chico Buarque, que sequer compareceu ao VMB, venceu o prêmio de melhor clip de MPB. Os jurados simplesmente ignoraram o impressionante 100, 120,150, 200 Km/h do cantor sertanejo Leonardo. O clip que conta com uma boa música, uma boa história e efeitos de útima geração, iguais aos usados no filme The Matrix! Se você ainda acredita que efeitos especiais não são importantes para julgar um clip, por quê então Madonna e Will Smith entre outros  estão cheios de prêmios como esse? Um jurado do VMB chegou a admitir num jornal de circulação nacional, que não votou no  clip do Leonardo, simplesmente por que não gostava de música sertaneja, apesar de considerar tecnicamente este o melhor! Sem dúvida, foi um dos maiores atestados de incompetência já assinados em um papel.

• Realmente não foi a noite do Chico Buarque. Quando foi anunciado o segundo prêmio para o compositor, desta vez com justiça, por melhor fotografia, pela dupla de patetas Pepê e Nenê e pelos seus fiéis escudeiros Claudinho e Bochecha. Já sabendo que Chico Buarque não estava presente, a dupla agradeceu ao compositor e passou para o próximo prêmio. Só que elas se esqueceram que quem ganha o prêmio nesses casos é o diretor,  não o artista. O Diretor estava presente na festa e se dirigia para o palco para receber o seu prêmio, ficou sem saber o que estava acontecendo. Precisou a intervenção do apresentador da festa Cazé, para botar ordem nesse galinheiro. Por este momento bisonho devem ser esquecidas na lista de convidados do ano que vem...

• O pessoal da Casseta & Planeta representados pelo Hélio de la Peña e Cláudio "maçaranduba" Manoel, entraram meio de bicões na festa. Estavam visivelmente pouco a vontade e deslocados. Para piorar as coisas Hélio, para quebrar o gelo, se saiu com uma piada tão velha e manjada, que já foi até contada por e-mail no Jô Soares Onze-meia, que como se sabe é o cemitério de todas as piadas.  Lamentável.

• Ao VJ KL Jay vai o prêmio de "se deixarem eu falar eu não saio daqui", o cara soltou tanta asneira e balela no seu discurso de apresentação do melhor Clip de Rap, que tinha gente pensando que ele era candidato à alguma coisa. Por muito menos o 2 Tupak acordou com a boca cheia de formiga...

• A MTV as vezes consegue bater todos os vetores de cretinice: o que foi aquilo do VJ Edgar beber água numa garrafinha de uísque, com direito a dose para o santo. Para, supostamente, fazer uma homenagem ao falecido sambista Carlos Cachaça. Simplesmente patético.

• Mas o que esperar de uma TV, que numa de suas vinhetas, diz que o único problema em usar drogas é não poder, depois, reclamar para o governo?!

Da equipe de Articulistas

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