Ultraje a Rigor -18 anos sem tirar!
"Beware... beware!" Cuidado com o fantasma das bandas de rock nacional dos anos 80, que volta a rondar a parada de sucessos. Outra vez assombrando a paciência dos incautos ouvintes. Estejam preparados para os novos trabalhos de bandas como Capital Inicial, Engenheiros do Hawai e Ultraje a Rigor. E preparem-se para o pior: o horror, o horror... a volta dos mortos vivos: o rock nacional dos anos 80.
É triste ver que certas pessoas não aprendem... seis anos sem gravar um disco e Roger Moreira, líder do Ultraje a Rigor, e único remanescente original da banda, poderia ter usado esse tempo para fazer algo de útil: como se dedicar a leitura do Alcorão, fazer um curso de Direito e se tornar advogado ou mesmo ter aprendido uma profissão. Mas ao invés disso, ele continua insistindo na música e para quê? Para continuar fazendo shows para meia dúzia de pessoas no interior de São Paulo e Minas Gerais? Isso deve ser realmente recompensador...
O novo CD da banda "18 anos sem tirar" captura a banda ao vivo num show gravado em 96, e só lançado agora por obra de algum subalterno bem intencionado da gravadora Deckdisc/Abril Music que neste momento é, possivelmente, o mais novo candidato ao seguro desemprego. É um disquinho nostálgico e picareta, que além dos maiores sucessos da banda ao vivo, conta ainda com quatro músicas inéditas gravadas em estúdio, aquela velha história de disco ao vivo precisar de algum material inédito para vender no Brasil, que nada acrescentam ao já extenso e insuportável repertório da banda.
Roger que já escreveu algumas das letras mais inteligentes do rock nacional, hoje se envereda pela MePB, Música Engraçadinha Popular Brasileira, insistindo em fazer um humor rasteiro e apelativo de letras engraçadinhas, mas ordinárias. Pálidas tentativas de reviver o bom humor da banda.
O que aconteceu com o Ultraje é que eles gravaram mais de um disco, se fosse só pelo primeiro disco eles se teriam tornado lendas. Mas a banda não se deu por satisfeita, e resolveu seguir a diante. No entanto não conseguiram passar no teste do segundo disco, pensando bem de todos os discos que vieram depois do primeiro.
A verdade é que a banda nunca mais foi a mesma depois do episódio do 'sorteio da virgem' em Chapecó, Santa Catarina. História que entrou para o inventário de lendas do rock brasileiro, tal como aquela da prisão do Arnaldo Antunes com envelopes de heroina(?!) no início dos anos 80.
Enfim nesses tempos bicudos de pagode e axé music, talvez pareça ser uma saída salvadora desencavar todas essas bandinhas medíocres do rock nacional dos anos 80. Mas não menospreze sua inteligência, essa gente não sumiu por caso. Não foi apenas um modismo passageiro, como muita gente hoje gostaria que tivesse sido, pois justificaria a incompetência e o amadorismo da grande maioria das bandas da época. Esse pessoal não conseguiu se manter no mercado, porque simplesmente a música que eles faziam era muito ruim. Não tem mistério, nem desculpa, são apenas os fatos.
A verdade é que deve-se ouvir o rock nacional dos anos 80, como se assiste a um filme trash, que de tão ruim e malfeito se torna divertido. O rock nacional é a mesma coisa: é tão ruim e tosco que é até engraçado. Pena que o Ultraje não consiga ser mais nem isso.
Se você quiser ler mais sobre o assunto leia o nosso especial sobre Os Anos 80.