Titãs & Paralamas – Show Sempre Livre Mix

O Encontro dos Mortos-Vivos


Porto Alegre, 5 de novembro de 1999 — Ginásio do Gigantinho

O show da turnê Sempre livre Mix que reúne no mesmo palco Titãs e Paralamas do Sucesso— duas das maiores bandas do rock nacional dos anos 80— no Ginásio do Gigantinho em Porto Alegre, foi uma verdadeira celebração da música daquela década ingrata. Mas é importante observar, que o pequeno público, de pouco mais 5 mil pessoas, era composto, basicamente, de adolescentes que não viveram realmente os anos 80, logo tinham motivos de sobra para celebrar.

A pouca idade da audiência também comprova que o público do rock nacional, salvo raras exceções e casos perdidos, é sempre o neófito de plantão, pois ninguém que tenha o mínimo de maturidade musical é capaz de perdeu seu tempo com bandas medíocres como Titãs e Paralamas. Principalmente quando ambas bandas não lançam faz anos um álbum, pensando melhor, uma música sequer digna de nota.

É preciso reconhecer, no entanto, que essa turnê conjunta é uma grande idéia. Titãs e Paralamas têm mesmo muito em comum, além da calvície de alguns integrantes, e da perseverança e obstinação dos que não tem nada melhor para fazer.

Os Titãs que recentemente lançaram um álbum de covers execrável intitulado "As Dez Mais", não lançam um álbum de material inédito desde 1996. E nada relevante desde 1989, ano de "Õ Blésq Blom". Estão há mais de dez anos perpetuando sua existência, até prova em contrário inútil, entre trabalhos apócrifos como, "Tudo ao mesmo tempo agora" e "Titanomaquia’; coletâneas e acústicos caça-níqueis. Já os Paralamas passaram boa parte da década de noventa preocupados com o mercado externo. Lançando discos que foram importantíssimos para a música popular da argentina... Mas a concorrência lá fora começou a ficar acirrada, e então a banda voltou novamente suas atenções para o mercado brasileiro. E mais rápido que você possa dizer o Carlinhos Brown é um idiota e o Pedro Luís e a Parede também, a banda gravou um acústico para MTV, que são notoriamente conhecidos como a UTI(última tentativa do indivíduo) da maioria dos artistas nacionais em busca do sucesso perdido.

O repertório do show é apenas de sucessos, nada de desvios ou músicas novas, com exceção, se é que se pode chamar assim, da lamentável versão de "Pelados em Santos" dos Mamonas Assassinas feita pelos Titãs. É irônico notar que os Titãs não foram nem os primeiros a tocarem essa música, já que o Edgar Scandurra e o Thedy Correa, gravaram-na para um especial da MTV há alguns anos. Não que isso seja mérito para alguém... Só mostra a natural síndrome de faisca atrasada dos Titãs.

Não existe maior indício de decadência no meio musical, do que uma banda precisar de músicos acompanhantes para tocar o mesmo repertório de quinze, dez anos atrás. Os Paralamas, originalmente um trio, até se entende. Mas os sete integrantes dos Titãs precisarem de músicos auxiliares é pura incompetência.

O show termina com aquela ‘jam’ de confraternização com ambas bandas no palco para uma versão canhestra de "Should I Stay or Should I Go" do The Clash. Mas não tenha dúvida os Titãs e os Paralamas já deviam ter ido há muito tempo.

Da reportagem local