The Strokes - First Impressions Of Earth
Não há nada mais certeiro para acabar com um hype do que a vinda de um artista ao Brasil. Há alguns anos nossa imprensa caduca e adesista só falava de Belle and Sebastian. Era um tal de Belle para cá e Sebastian para lá, mas foi só a banda tocar no Brasil para o hype se dissipar rapidamente no ar viciado dos cadernos culturais.
O mesmo parece estar acontecendo agora com os Strokes, que depois de se apresentarem no Brasil em 2005, no pretensioso Tim Festival, pavimentam o caminho para o esquecimento com o fraco First Impressions Of Earth.
Em seu terceiro álbum e terceira resenha para ZeroZen e como da lei, a última, os Strokes se encontram na mesma encruzilhada transacional que o White Stripes com Get Behind me Satan. Só que com resultados ainda mais constrangedores.
A banda tenta substituir conscientemente o desinteresse e inaptidão dos álbuns anteriores por uma abordagem mais profissional e polida. Mas a coisa simplesmente não funciona. Em seus excruciantes 52 minutos, uma eternidade em termos de Strokes, First Impressions Of Earth mostra uma banda tentando atirar em todas direções sem acertar uma vez que seja.
O álbum começa com "You Only Live Once" cuja batida lembra vagamente “I want to break free” do Queen. E quando uma banda se presta a copiar o Queen é que ela chegou ao fundo do poço. Outra surpresa é que pela primeira vez Julian Casablancas está cantando sic/sci sem uma batata quente na boca ou qualquer que seja o efeito colocado em seus vocais em todos álbuns anteriores da banda.
Trazer para frente os vocais de Casablancas na mixagem do disco foi certamente um dos grandes erros cometidos pela banda neste álbum. Casablancas é um vocalista de terceira e um compositor de segunda, dar ênfase a qualquer uma dessas ‘qualidades’ é no mínimo uma postura equivocada. Um bom exemplo disso é a balada “Ask Me Anything” onde Casablancas repete uma centena de vezes a frase "I've got nothing to say" — ele pelo menos está sendo realista— enquanto tenta desesperadamente dar algum impacto a sua interpretação ou aborrecer o ouvinte. O que acontecer primeiro.
No final das contas fica clara a falta de rumo da banda. O estupor e abandono dos primeiros álbuns foram substituídos por uma versão mais leve e ensolarada, mais para L.A. do que New York. O que deixa pouco ou nenhum espaço para recuperação.
Faixas:
1. You Only Live Once
2. Juicebox
3. Heart In a Cage
4. Razorblade
5. On the Other Side
6. Vision of Division
7. Ask Me Anything
8. Electricityscape
9. Killing Lies
10. Fear of Sleep
11. Evening Sun
12. Ize of the World
13. 15 Minutes
14. Red Light