Planeta Atlântida 2004 - 7 de fevereiro
Da Guedes
Da Guedes entrou no palco do Planeta Orbeat, digo Atlântida,
com quase uma hora de atraso. Não que isso fizesse qualquer
diferença. Na verdade, a Máfia da Orbeat agiu em auxilio
do reggae chifrin dos Chimarruts que por motivos de chapação
maior não iriam poder estar no palco do Planeta às 19h30,
como estava programado. Assim o Rapper (sic/sci) Da Guedes deu o seu
recado da periferia num festival predominantemente de brancos de classe
média-alta. Não que alguém tenha prestado atenção,
muito pelo contrário...
Skank
O Skank é uma banda bipolar com sérios distúrbios
de criatividade. Atualmente a banda está passando pela fase
“nós que tanto amávamos os Beatles resolvemos
imitá-los descaradamente”. Nada muito novo nisso, o problema
é ter que conviver com a antiga encarnação da
banda, que ainda insiste em tocar músicas execráveis
como "Jackie Tequila". Já Samuel “o bipolar”
Rosa pagou o maior mico durante a apresentação de “Três
Lados” tentando tresloucadamente pautar a capa do jornal (sic/sci)
Zero Hora, quando pediu a platéia para tirar a camiseta e girar
sobre a cabeça, e só faltou citar os fotógrafos
do periódico local pelo nome. Só que num daqueles milagres
editoriais essa imagem não foi capa da ZH de segunda-feira,
que obviamente já estava reservada para um artista da Orbeat.
Kid Abelha
O primeiro acústico da noite. O Brasil dever ser o único
país do mundo onde artistas saem em turnê para divulgar
um álbum ao vivo. Tipo ouça ao vivo o que você já ouviu
em casa. E pague de novo por isso. O show do QI de Abelha teve o
mesmo problema do DVD: Paula Toller apareceu de calça jeans,
escondendo o único talento da banda.
Titãs
AH, os Titãs do acidente aéreo que nunca veio. Resumidos
a metade dos membros originais, é incrível como a banda
consiga soar duplamente cansada e sem tesão. Os caras parecem
como uma reunião do colegial que saiu incrivelmente mal.
Charlie Brown Jr.
Segundo acústico da noite. Por alguma razão obscura
bandas nacionais acreditam que devem promover seus álbuns acústicos
mesmo em festivais como o Planeta Orbeat, digo Atlântida. Isso
é de uma estultice sem tamanho. Nunca faça um show acústico
num festival de verão. Não é porque você
se vendeu ao comercialismo da MTV que precisa aposentar suas guitarras.
Ao menos Charlie Brown Jr. a banda nacional de maior sucesso da atualidade,
teve a sapiência de fazer um show mezzo acústico, mezzo
elétrico. Dito isso é preciso deixar uma coisa bem clara
chorão é um dos maiores impostores que surgiram no rock
nacional nos últimos tempos. Verdade seja dita ninguém
da ZeroZen usa tênis, mas ao menos não precisa usar boné
para esconder a calvície. Chorão é um velho de
idade e espírito. Um velho gordo, careca e chato cujo discurso
está apenas uns 20 anos defasado, mas que serve como uma luva
para adolescentes de mentalidade inferior a 11 e 12 anos e para o
Lucio Ribeiro. O que no fundo são mesma coisa. Detalhe no meio
do show Chorão ameaçou quebrar um violão (Tonante)
como ele tinha feito no Planeta de Florianópolis. Mas ao invés
disso resolveu presentear o mesmo para uma fã da fila do gargarejo.
Detalhe a fã escolhida por Chorão era claramente “de
menor”, num festival que supostamente deveria ter censura 16
anos. Mas o que seria do planeta sem os fetos em desenvolvimento?
Detonautas
O Detonautas é um típico exemplo do quão esquizofrênica
a produção do Planeta Orbeat, digo Atlântida se
tornou. Nunca, em lugar algum, uma banda como os Detonautas, que sequer
conseguiram colocar mais de 40 pessoas no Bar Opinião em Porto
Alegre, deveriam tocar depois do Charlie Brown Jr. Isso é algo
que não passaria na cabeça de nenhum promotor de shows
nacional. E o pior é que o pessoal dos Detonautas soam no máximo
como um Charlie Brown Jr Light, cujo discurso nacionalista babaca
é praticamente o mesmo. Onde Chorão diz os políticos
filha da Puta os Detonautas dizem os políticos sem-vergonha.
De resto é a mesma merda.
Nenhum de Nós
Terceiro acústico da noite, o que por si só já
é um absurdo inconcebível. Promovendo o segundo álbum
acústico da banda, ambos fora do padrão MTV de mediocridade,
mas igualmente anódinos. O Nenhum de Nós entrou no palco
do Planeta Orbeat, digo Atlântida com um público cansado
e pronto para ouvir o sermão da montanha de Thedy Corrêa
e companhia. Em determinado momento ao público resolveu entoar
o desnecessário mas sempre presente: “Ah! eu sou gaúcho”.
Thedy que estava participando da transmissão do Multishow achou
que deveria dar uma explicação para o público
do resto do país. Como se alguém, além dos participantes
do BBB4, assistisse ao canal Multishow. “Isso não é
bairrismo”, disse Thedy. “É orgulho”. Até
pode ser. Mas uma banda falida como o Nenhum de Nós, que deveria
encerrar o festival se não fosse os desmandos da produção,
participar do Planeta única e exclusivamente por pertencer
ao cast da Orbeat. ISSO é bairrismo...
Chimarruts
Reggae gaúcho com agravantes ripongas às 7 horas da
manhã é como um convite para o sono profundo. Do tipo,
quem é chegado no gênero a essa altura do campeonato
já estava tão chapado que não viu nada. O resto
da platéia já tinha picado a mula muito tempo antes.