M.I.A. - Arular

Ah! A ironia... Quando o funk carioca parecia ter voltado para o gueto dos infernos de onde nunca devia ter saído. Surge M.I.A., uma cingalesa radicada em Londres, pronta para dar aprovação universal ao funk carioca. Agora rebatizado de favela’s funk. O pessoal moderninho, leitor de cadernos culturais e revistas como Pitchforkmedia e Popmatters, teve que dar o braço a torcer e elogiar o funk carioca por ser o novo ‘hype do momento” lá fora.

Vamos deixar uma coisa bem clara: pode ser de Marte, Miami ou do Rio de Janeiro, funk pancadão é uma merda. MERDA!. Ninguém vai a um baile funk pela música, e se for essa criatura precisa levar choque-eléctrico. É a mesma coisa do que ir numa rave pela música. Deus, é como ir a um baile de carnaval pela música. Se isso ajuda a esclarecer as coisas.

A formula original do funk carioca: hip-hop + dancehall + pobreza de recursos e de espírito encontra pouca variação em M.I.A.. Deve ser a tal de globalização. Mesmo as tão apregoadas letras ‘politizadas’ da cantora(sic/sci), são tão politizadas quanto as do Gabriel O Pescador. E quase tão ruins quanto.

Sério, MIA é desse tipo fenômeno para o qual não existe argumentação de defesa. Não há o que analisar. O álbum é pontuado por vinhetas inócuas, chamadas de skits? Todas faixas usam a mesma batida eletrônica? Não há variação, não há melodia? Qual o apelo desse tipo de música? Por que alguém deveria se importar?

No entanto é importante não cair na cova rasa de argumentações elitistas e preconceituosas do tipo “isso não é música”, típica de certos sites sobre música mais ortodoxos. Pois se pensarmos bem até o som uma batedeira pode ser considerada música. E levando em conta que uma batedeira elétrica tem três ou mais velocidades, isso já é o dobro de musicalidade e variedade que este álbum possui.

Em tempo: MIA que não é tigresa, nem cachorra e está mais para bichinho da goiaba e coisinha mordedora veio ao Brasil para o ultra-pseudo Tim Festival. Numa decisão no mínimo impensada a MC/rapper (sic/sci) resolveu passar um tempo no Rio de Janeiro depois de suas apresentações. O que vai acontecer com ela é incerto, mas podemos supor que vá virar mulher de traficante ou literalmente desaparecer em ação. Em ambos casos ela merece.

Pedro Camacho

P.S.: Essa resenha é dedicada a todos idiotas que nos últimos anos nos enviaram hate e-mails cuja argumentação se resumia a uma série de insultos inócuos e a conclusão de que se nós não gostamos da musiquinha de merda que vocês gostam, logo nós devemos gostar pagode e funk carioca. Surpresa! nós continuamos não gostando da musiquinha de merda que vocês gostam e nunca gostamos de pagode e funk carioca.

Músicas:
1 - Banana Skit
2 - Pull Up the People
3 - Bucky Done Gun
4 - Sunshowers
5 - Fire Fire
6 - Dash the Curry Skit
7 - Amazon
8 - Bingo
9 - Hombre
10 - One for the Head Skit
11 - 10 Dollar
12 - U.R.A.Q.T.
13 - Galang