Metallica

Show Garage Inc. Porto Alegre, Hipódromo do Cristal, 06 de maio de 1999

O Metallica é sem sombra de dúvida uma das bandas de heavy metal mais bem sucedidas de todos os tempos. A banda alcançou o sucesso mundial com o álbum Metallica de 91, aquele da capa preta, mas para isso precisou tornar seu som mais comercial, aderindo inclusive as baladas soporíferas, tornando-se essencialmente uma boa banda de hard-rock. Evidentemente o melhor do grupo reside nos seus primeiros trabalhos bem mais pesados e ainda com o baixista Cliff Burton, falecido num acidente em 87. O Metallica é como uma nota de alto valor de uma moeda fora de circulação, tinha seu valor no passado mas hoje em dia só serve de enfeite.

O show do Metallica Garage Inc. em Porto Alegre foi marcado pelo atraso e desorganização por parte da promotora do espetáculo, RBS Eventos, que já tinha feito das suas no show do Kiss. Mas que felizmente não prejudicaram a realização do espetáculo, que levou 22 mil pessoas ao Hipódromo do Cristal.

Coube ao Sepultura o show de abertura, a banda entrou no palco pontualmente as 21h30min, e num set curto de apenas uma hora a banda mostrou que já superou a saída traumatizante de Max Cavalera, que lidera hoje o superestimado Soulfly. O novo vocalista Derrick Greene é competente e tem boa presença de palco. Pena que o volume do som estivesse muito baixo. Segundo se sabe hoje o Sepultura teve o volume do seu show deliberadamente capado pelo pessoal do Metallica em todas as apresentações da banda no Brasil.

As 23:00h o Metallica subiu ao palco, e mostrou que é uma banda, antes de tudo, extremamente profissional. A banda que já tem quase duas décadas de estrada e com certeza conhece um truque ou dois para manter uma platéia interessada.

O repertório do show foi variado e abrangeu quase todos álbuns e fases da banda. Mas o álbum preferido da banda parece ser mesmo o clássico homônimo de 91, que teve mais músicas tocadas no show. Entre elas Enter Sandman, Nothing Else Matters e Sad But True. Quando a banda tentava incluir alguma música de seus trabalhos mais recentes o público, não sem razão, reagia sempre com uma certa frieza.

O show foi meio morno, nunca chegando a esquentar realmente, culpa talvez da escolha do repertório para essa turnê. Mas a banda também parecia meio apática. O único momento que empolgou o público foi a dobradinha Wherever I May Roam e One, sem contar é claro quando eles tocaram Enter Sandman perto do final do show.

Agora, tudo bem que o Metallica não goste de usar telões em seus shows, mas quem esteve no show do Kiss pode perceber a diferença que faz um telão num show de Rock hoje em dia. Convenhamos num show como este do Metallica, um telão não é um luxo, mas sim uma necessidade, principalmente num local aberto como o Jockey Club.

Para finalizar é preciso esclarecer uma dúvida: quando o Kiss se apresentou em Porto Alegre, certo jornal que por acaso é da mesma empresa que promoveu o show, disse que os fogos de artifícios e alguns outros efeitos de palco, que seriam usados no espetáculo do Kiss ficaram retidos na alfândega. Isso até pode ser verdade, mas no entanto esses fogos nunca seriam usados no show de Porto Alegre. Segundo fomos informados o Kiss possui três pacotes diferentes de espetáculos, que são oferecidos a quem quer contratá-los. Um completo(A), outro com efeitos de palco parciais(B), que foi contratado para São Paulo, e uma última versão reduzida(C) que não inclui os tais fogos de artifício e nem metade do que era prometido nas propagandas do show veiculas em vários meios de comunicação. Essa versão pocket é a que foi contratada para Porto Alegre. Por isso a discrepância na qualidade dos shows de Porto Alegre e São Paulo, e principalmente por isso a diferença entre o preço do ingresso nas duas cidades.

Agora resta-nos fazer a seguinte a pergunta: será que o Metallica possui um esquema de shows semelhante ao Kiss? Seria o show contratado para porto alegre o C, B ou A? Ou quem sabe o D...

Saulo Gomes