Mars Volta - The Bedlam in Goliath
Desconfie de toda resenha musical que tenta convencê-lo que a percepção da qualidade de determinado álbum "melhora depois de repetidas audições". Vamos ser sinceros. A primeira impressão, não é só a que fica. É também a única. Ouvir música não deveria ser como uma experiência do fisiologista russo Pavlov, onde o ouvinte é condicionado a assimilar algo pela repetição. Sem falar, quem tem tempo para ouvir uma música mais de uma vez hoje em dia?
Depois de várias audições de Bedlam in Goliath, último álbum da banda Mars Volta, tudo que o ouvinte vai conseguir é a percepção de que perdeu outra 1 hora e quinze minutos de sua vida... Talvez comece a babar, mas nada muito além disso.
O Mars Volta, junto com os britânicos do Muse, é um dos expoentes do neo-rock progressivo para indies e moderninhos. O que é convenhamos uma contradição em termos.
Liderados pelo guitarrista Omar Rodriguez e o vocalista Cedric Bixler Zavala, ambos oriundos da extinta At The Drive-in, banda, de vida curta, que era ideal para se ouvir às duas horas da manhã, a todo volume, só para irritar os vizinhos. Desde que você não ficasse no apartamento ou estivesse inconsciente. Se possível ambos.
A dupla já está no quarto álbum e não parece ter qualquer intenção de diminuir o ritmo ou a indulgência tão cedo. Mas chamar The Mars Volta de rock progressivo é uma ofensa ao rock, ao progressivo e quiçá à música. Mars Volta soa como uma banda punk tentando tocar jazz fusion em 78 rotações por minuto. Tipo uma completa e total bagunça musical. O que faz o vocalista soar às vezes como um daqueles chipmunks do filme.
Nos longos e intermináveis 75 minutos do álbum, os únicos momentos que se salvam são aqueles em que o vocalista Cedric cala a boa e é possível acompanhar o instrumental da banda, apesar das mudanças bruscas de tempo e da total ausência de um riff de guitarra ou uma melodia que preste. Mas acreditem: as composições da banda precisam de mais mudanças de tempo! Pois assim há mais chances do vocalista parar de cantar. É bom notar que o pessoal do Rush fez sua carreira dessa forma...
P.S.: A reprise da participação de John Frusciante, do Red Hot Chili Peppers, como guitarrista convidado, dá a garantia que havia algum tipo de droga envolvida na gravação do disco. O que é sintomático: pois não dá para ouvir esse álbum sóbrio.
Faixas:
01. Aberinkula
02. Metatron
03. Ilyena
04. Wax Simulacra
05. Goliath
06. Tourniquet Man
07. Cavalettas
08. Agadez
09. Askepios
10. Ouroborous
11. Soothsayer
12. Conjugal Burns