Muita Pretensão, Pouco Resultado e Más Companhias
Marisa Monte é um caso perdido. Ao que parece, teimosia é a única virtude da cantora. Em seu último CD Memórias, Crônicas e Declarações de Amor(Textos, Provas e Desmentidos) ela mais uma vez se cerca de impostores, como Arnaldo Antunes, Carlinhos Brown e Arto Linsday para fazer aquilo que ela sabe fazer de melhor: MPB para brasileiros que vivem em Nova York.
O CD é co-produzido pela própria cantora em parceria com Arto Linsday um desses mistérios da natureza ainda não solucionado e é, supostamente, o trabalho mais intimista de Marisa. Mas o máximo que o CD consegue passar é a intimidade de uma folha em branco. Não há nada que revele algo novo sobre Marisa. Todo perfeccionismo e pretensão não escondem que sua música é inócua, apócrifa e sem identidade própria.
Memórias, Crônicas... e essa ladainha toda começa com o sucesso fácil, encomendado para trilha sonora de novela, "Amor I Love You" de Carlinhos"pé-frio"Brown. Com versos do mesmo quilate de "A namorada tem namorada" a faixa é um verdadeiro primor de futilidade. Como se não bastasse, "Amor I Love You" ainda possui um trecho poético narrado pelo Arnaldo Antunes. Juntar Carlinhos Brown e Arnaldo Antunes numa mesma música não é uma boa idéia. Na verdade, é bem possível que esse seja um dos prenúncios do apocalipse...
Daí para frente é tudo mais do mesmo, só que infinitamente mais chato. Marisa não arrisca, nem surpreende. Apenas repete a mesma fórmula de seus trabalhos anteriores. São ao todo cinco parcerias com Carlinhos Brown, o que já seria suficiente para que o CD merecesse um selo de advertência do Ministério da Saúde.
O que se percebe é que um produtor de verdade e um repertório decente fariam maravilhas por Marisa. Mas ela insiste em mostrar seu lado compositora, que é no, mínimo, constrangedor e infantil. A falta de contato com pessoas letradas parece minar todas as composições da cantora. Mas também, isso é o que dá ter parceiros como Nando Reis, Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown...
Nem as suas interpretações para compositores de peso que lhe costumavam livrar a cara como Paulinho da Viola, Jorge Ben e Tim Maia funcionam dessa vez. Nas regravações Marisa foi burocrática e sem imaginação, como em todo CD. Fazendo versões infinitamente inferiores das gravações originais.
Para um clima mais intimista, Marisa de posse de uma câmera digital fez todas as fotos do encarte do CD, que inclusive possui uma edição especial com um livreto com mais fotos da cantora. Num lampejo de modéstia e humildade todas fotos tem como tema a própria cantora. Mas como Marisa sabe tanto de fotografia quanto o Carlinhos Brown sabe de física quântica quase todas as fotos são "artisticamente" fora de foco ou sem o menor interesse. Se na música não foi possível ser intimista, o que dirá na fotografia...
www.marisamonte.com.br (altamente fashion)
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