Maria Gadú

Maria Gadú

Maria Gadú é a nova sensação da MPB. Mas isso não é importante. A ZeroZen mais uma vez vai revolucionar a crítica musical brasileira. Esta impoluta revista digital Vai analisar o CD de estreia ao mesmo tempo que mostrará como sair de um bar sem pagar a conta graças a uma discussão sobre o futuro.

A cantora paulista de 22 anos era - até pouco tempo atrás - uma ilustre desconhecida do grande público. Porém, o diretor global Jayme Monjardim resolveu apostar na moçoila. Graças a esse aval, ela assinou um contrato com a gravadora Som Livre. Lançou um disco que rapidamente acabou caindo no gosto da tacanha crítica musical brasileira.

Então os adesistas de plantão rapidamente rotularam Maria Gadú como "a mais nova sensação da MPB". Como sempre houve os tradicionais elogios inconsequentes e exagerados. Mas e a parte do bar? Bem, um integrante da redação da ZeroZen saiu para a tradicional cervejada de toda a sexta-feira.

Depois de consumir álcool suficiente para combater qualquer Gripe Suína (como sabe álcool gel mata o vírus e a cerveja nada mais é do que álcool gel-ado) ele estava prestes a pedir a saideira. Porém, eis que surge um amigo acompanhado de um grupo de, digamos assim, vários jornalistas culturais.

Em pouco tempo, a conversa recaiu sobre Maria Gadú. Após uma torrente de elogios o integrante da ZeroZen se manifestou. E disse algo como:

"Maria Gadú por enquanto é uma aposta. O destaque do seu álbum de estreia são os arranjos. Realmente, ela perdeu mais do que 15 minutos no estúdio. A produção do disco é impecável. No mais ela é uma cantora com a voz da Marisa Monte e o cabelo da Cássia Eller.

As letras do discos são do tipo "escreve qualquer coisa aí". "Shimbalaiê" fez sucesso, mas apenas por ser trilha sonora da novela das oito. Já "Dona Cila" (que a cantora fez para a avó) é constrangedora. Porém, "A História de Lilly Braun" (Chico Buarque e Edu Lobo) é interessante.

Apesar da pouca idade, Maria Gadú é absurdamente conservadora. Parece que - para ela - a nova MPB fica no passado distante. O disco não tem um resquício sequer de ousadia. O máximo de subversão foi a desastrada regravação de "Baba" (sucesso de Kelly Key)."

O integrante da ZeroZen, depois de destilar o seu veneno na mesa de bar, notou que todos passaram a discutir acaloradamente as qualidades de Maria Gadú. Neste momento, ele aproveitou para ir ao banheiro. Depois conversou com o dono do bar e disse que o pessoal da mesa iria pagar a conta. Só estavam acertando a parte que cabia para cada um. Por isso, o debate tão acalorado.

O impolutor articulista da ZeroZen saiu de cena à sorrelfa e à socapa e deixou a conta para os, digamos assim, jornalistas culturais pagarem. Nada como provocar a cizânia no meio de gente tão desqualificada.

Em tempo: Maria Gadú prova que existe, na crítica nacional, uma espécie de desespero. Talvez por que gente como Gal Costa e Maria Bethania já dobraram o cabo da boa esperança musical e Maria Rita não é aquela cantora que todo mundo estava esperando... Então, a procura por uma nesga de esperança leva a mídia a incensar a cantora paulista. Mas esse certamente não é o caso da ZeroZen...

Pedro Camacho