Juli Manzi - 340 exigências de camarim

O músico e compositor gaúcho Juli Manzi em seu segundo CD, 340 exigências de camarim, vencedor do Prêmio Açorianos de Revelação de 98, apesar do esforço, continua sem dizer a que veio. O trabalho de Manzi é calcado na diversidade de estilos musicais, mas peca pela falta de identidade própria. É certo que não se pode esperar muito de um artista que está começando, na verdade Manzi já se poderia considerar vitorioso se conseguisse com este trabalho merecer, pelo menos, o ônus da dúvida.

O problema é que Manzi é outro daqueles compositores gaúchos que confunde ecletismo com falta de um estilo próprio. O som de Manzi pode ser definido como música para universitários ecléticos. Nessa categoria pode-se incluir qualquer coisa desde Lenine até Adriana Calcanhoto, gente como Zeca Baleiro ou qualquer Titãs em trabalho solo, basicamente tudo que não tem apelo nem interesse para a maioria do publico em geral.

A qualidade da gravação do Cd surpreende, uma vez que o disco foi gravado num estúdio de 8 canais em Porto Alegre. O CD conta ainda com o auxílio luxuoso de inúmeros músicos gaúchos de renome que deram uma força nos arranjos e na parte musical, que realmente se sobressaem às fracas letras de Manzi.

O CD deixa uma impressão pouco otimista do futuro de Manzi, afinal o cara não é nem um grande interprete- sua voz lembra o Titã Nando Reis, o que não é um grande referencial- nem um grande compositor. Manzi fica num meio termo, pouco promissor diga-se de passagem, mas ele é jovem e ainda tem um longo caminho de amadurecimento pela frente. Mas se continuar assim vai precisar diminuir essas 340 exigências de camarim.

Saulo Gomes