Echo and The Bunnymen


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Show "What are you going to do with your life?" Porto Alegre 22 de setembro de 1999 – Bar Opinião.

Em determinado momento obscuro dos anos 80, o rock britânico estava dividido entre U2, The Smiths e The Cure, bandas que constituíam, basicamente, a unanimidade burra da década. Meio que correndo por fora vinha o Echo and the Bunnymen, que era aquele tipo de banda que ninguém realmente escutava, e que a maioria das pessoas só conheciam de ouvir falar, e muitas vezes nem isso. Para aqueles que conheciam um pouco melhor a banda, o Echo and Bunnymen não era tudo aquilo que a patética crítica musical da época costumava dizer.

Essa é a segunda vez que o Echo and the Bunnymen vem a Porto Alegre, que esteve na capital gaúcha em 1987, quando a banda conseguiu levar 5 mil pessoas ao ginásio do Gigantinho, isso numa época em que shows internacionais eram um evento raro na cidade, e praticamente todos lotavam. Para terem um idéia o The Cure colocou 15 mil pessoas no Gigantinho neste mesmo ano.

Agora doze anos e muitas garrafas de uísque depois, Ian McCulloch o vocalista e líder do Echo and The Bunnymen está de volta com sua banda, reduzida a apenas dois membros originais: McCulloch e o guitarrista Will Sergeant. Uma vez que o baterista Pete de Freitas morreu num acidente automobilístico em 89 e o baixista Les Pattinson deve ter arranjado coisa melhor para fazer com sua vida.

Desta vez a banda conseguiu levar 1200 mil pessoas ao Opinião, a grande maioria de fãs saudosistas que presenciaram um show nostálgico de quase duas horas. A banda iniciou os trabalhos com "Lips like Sugar" e seguiu com "Fish hook girl" e "Evergreen". O som estava meio embolado no início e melhorou um pouco da metade do show em diante. O vocalista Ian McCulloch passou o show inteiro fumando cigarros com um ar entediado, sendo sempre frio e distante com a platéia.

O repertório dessa turnê engloba músicas de praticamente todos álbuns da banda, desde velharias como "Crocodiles" , "Rescue" e "Villiers Terrace" até músicas mais recentes como "Evergreen", "I wanna be there when you come" e "What are your going to do with your life". Mas obviamente está centrado na produção da banda nos anos 80.

O Echo and The Bunnymen soa bem mais interessante ao vivo do que em disco. Mesmo assim são poucos momentos que se destacam na apresentação, talvez pela fraca presença de palco do vocalista Ian McCulloch. Algumas canções antigas como "Villers Terrace" do primeiro álbum da banda surpreendem, assim como a cover de Loose dos Stooges, do álbum Funhouse. As canções mais conhecidas como "Do It Clean", "Bring on the dancing horses" e "Seven Seas", apesar de imprescindíveis, soam datadas. O momento de maior empolgação foi mesmo quando a banda tocou o seu maior sucesso e melhor música, "Killing Moon", lá pela metade do show. Pensando bem o Echo and the Bunnymen possivelmente acabaria indo parar no limbo das bandas medíocres e apócrifas se não fosse por essa música.

O Echo and The Bunnymen escapou por pouco, mas talvez não deva abusar da sorte. Se a banda pretende continuar na ativa, precisa deixar de ser um mero revival de uma época, que definitivamente não se presta para esse tipo de coisa. Afinal o próprio Ian McCulloch, numa entrevista para um conhecido jornal de Porto Alegre, declarou que não havia nada de bom nos anos 80. Década na qual o Echo and The Bunnymen é, supostamente, um dos expoentes musicais importantes. Se ele mesmo admite, quem somos nós para contrariá-lo?

Mas o tempo é senhor de todas turnês caça-níqueis, e o Echo and The Bunnymen parece disposto a perpetuar sua existência sem sentido. Mesmo que hoje a banda seja apenas um espectro de uma década perdida, que não tem mais nada a oferecer, apenas nostalgia barata para fãs e neófitos.

Last but really least: o jornalista, crítico musical e músico frustrado Jimi Joe resolveu deixar florescer seu lado "ame e dê vexame", e subiu ao palco do opinião para beijar Ian McCulloch na boca. A platéia do Opinião poderia ter sido poupada desse momento esdrúxulo, grotesco e bizarro protagonizado pelo pseudo jornalista. Jimi obeso e careca lembrava aquela figura estranha, o "beijoqueiro", que na década de 80 se celebrizou por tentar beijar personalidades famosas. E depois tem gente que não quer esquecer os anos 80...

Saulo Gomes