Dua Lipa - Future Nostalgia

Há um bom tempo os nossos fãs (sic e sci-fi) insistem para a que a gente faça uma resenha da Dua Lipa. A nossa resposta padrão sempre foi: cerveja não se critica, se bebe. Até descobrir que Dua Lipa é, na verdade, uma cantora britânica. Então, depois de ouvir, seu álbum mais recente, Future Nostalgia, ficou claro que a gente devia ter investido nosso tempo e dinheiro no bom e velho goró...

Future Nostalgia tem uma nítida influência da era disco. Seja no som do baixo, seja nas guitarras sincopadas. Mas existe um motivo para Era Disco ter acabado. Trazer ela é como trazer o sarampo de volta. Não vai fazer nenhum bem à humanidade.

Dua Lipa era uma espécie de one-hit-wonder. Isso sendo extremamente generoso com “New Rules”. E, verdade seja dita, a cantora tinha no repertório três músicas razoáveis “IDGAF”, “One Kiss” e “Be the One”. Mas era só. Se Future Nostalgia era para ser um passo à frente, foi em direção ao abismo.

É um som amorfo, uma trilha sonora de fim de festa. Ideal para mandar todo mundo embora pra casa. Diga-se de passagem, o álbum não tem nada de futuro. Basta ver que as influências mais notáveis são Kylie Minogue, Madonna e Gwen Stefani. Sério?

De novo, Dua Lipa consegue tirar um ou dois coelhos da sua restrita cartola musical. Physical e Levitating são interessantes. Love Again seria um bom lado B da Madonna de uns 15 anos atrás. Já Boys Will Be Boys é a que mais chama a atenção do pessoal da lacração. Bem, a letra é boa. Nesse momento, Dua Lipa vira uma espécie de Alanis Morissette fashionista ou algo do gênero.

O resto do repertório do disco é que nem ministro do governo Bolsonaro. Ou seja, só entrou porque não tinha coisa melhor e com certeza não acrescenta nada. Enfim, se algum dia Dua Lipa lançar uma cerveja a ZeroZen garante que vai se abster de fazer uma resenha. Afinal de contas, cerveja não se critica, se bebe...

Pedro Camacho