Avril Lavigne ou a creche em dia de festa

Avril Lavigne iniciou a parte brasileira de sua turnê Bonez Tour no dia 21 de setembro em Porto Alegre. O show foi no Gigantinho para uma platéia de 11 mil pessoas (isto que o ingresso mais barato custava absurdos R$ 80). Bem, o público até poderia ser maior. Contudo, a maioria dos fãs da cantora canadense parece ter abandonado as fraldas faz pouco tempo.

Este talvez tenha sido o detalhe mais impressionante do show. Quer dizer, se o sujeito tinha mais de 18 anos era considerado um verdadeiro idoso no Gigantinho. Era fácil ver mães ou pais levando suas crias para assistir ao espetáculo. A impressão é que o lugar se transformou em uma imensa creche.

O detalhe é que todas as aberturas dos shows no Brasil foram feitas pela banda Leela, exceto em Porto Alegre. Dá para dizer que se a Drive evoluir pode se tornar com o tempo Mega-Drive. Então vai virar videogame para nostálgicos...

Avril entrou no palco ao som de Sk8ter boi. Foi empilhando canções como Unwanted, My happy ending e I always get what I want. De cara, deu para perceber que a banda que acompanha a cantora: Devin Bronson (guitarra), Craig Wood (guitarra), Charlie Moniz (baixo), Matt Brann (bateria) é apenas razoável. Nada mais que isso.

Avril pouco se comunicou com o público. Na verdade, dava a impressão de estar de saco cheio de estar na estrada. A Bonez Tour passou por 26 países, com mais de 100 shows e o final da maratona de shows foi justamente no Brasil, mais precisamente em São Paulo. Logo, ela parecia ansiosa demais para terminar tudo e poder tirar férias.

O show continuou de forma esquemática. Como sempre, houve a hora das baladas (como Mobile ou I'm with you). Depois, Avril se meteu, não muito bem por sinal, a tocar piano (Together e Forgotten) e até arriscou um violão em Nobody’s Home. Tudo para mostrar que ela não é apenas mais um rostinho bonito no pop mundial.

Houve espaço para um cover razoável All the small things do Blink 182. Porém, o momento mais surpreeendente, para não dizer o único, do show ficou para o bis. Avril voltou para o palco tocando bateria em Song 2, música do Blur! Para fechar os trabalhos, a indefectível Complicated levou a platéia ao delírio.

O show foi curto (aproximadamente 1h20 minutos de duração), mas nenhum fã reclamou. Afinal era hora de ir para casa, até por que criança tem de dormir cedo. Avril Lavigne acabou por confirmar no palco o seu rock de boutique. Com o seu som anódino e apócrifo (canções curtas com uma historinha e direito a final feliz) ela decidamente é séria candidata ao ostracismo.

J. Tavares

Set list do show:
- Sk8ter boi
- Unwanted
- My happy ending
- I always get what I want
- Mobile
- I'm with you
- Fall to pieces
- Don't tell me
- Together
- Forgotten
- Nobody's home
- Who knows
- Losing grip
- Take me away
- He wasn't
- All the small things (cover do Blink 182)
- Song 2 (cover do Blur)
- Complicated