Tempos sombrios se aproximam para os quadrinhos no Brasil...
É o fim. Os gênios do marketing tanto tentaram que desta vez conseguiram fulminar com a indústria dos quadrinhos no Brasil. Está tudo terminado, acabado, destruído. A arte seqüencial, como gosta de chamar o mestre Will Eisner, não tem mais espaço no Brasil.
Tudo por culpa da idéia revolucionária da Editora Abril de lançar as revistas Super-Heróis Premium. Isto significa que depois de julho todas (mas TODAS mesmo) as revistas da Marvel e da DC vão ser extintas. No seu lugar surge a linha premium que vai contar com 160 páginas, lombada quadrada, papel de qualidade no miolo, o mesmo usado em minisséries e capas cartonadas e plastificadas. Parece bom, não é?
Pois bem, caro zeronauta, pode ficar parvo. Pode abrir o queixo embasbacado. Tudo isso estará disponível para você por inacreditáveis R$ 9,90!!! Sim, é isso mesmo. Não há nenhum cd de brinde nem se trata de revista de mulher pelada. São pura e simplesmente histórias onde os homens resolveram botar a cueca do lado de fora das calças.
Contudo a loucura não termina aí. A justificativa da editora Abril para seguir adiante em tamanha estultice é que o mercado de quadrinhos está atravessando uma crise. As revistas estão vendendo menos que antes (considerando a qualidade do que a DC e a Marvel vêm largando no mercado isso é plenamente previsível). Portanto, depois de uma tentativa frustada de baixar os preços com a promoção "porrada no preço" eles resolveram buscar o caminho contrário.
Segundo, Sérgio Figueiredo, editor-chefe da Abril, o perfil do leitor de quadrinhos no Brasil mudou. Hoje, ele acredita que quem lê Hq's seja o jovem de 18 a 25 anos com um poder aquisitivo maior. Além disso, esse mesmo fã de super-heróis adora temáticas mais complexas e edições especiais. Parece fazer sentido, não?
Oras, não preciso ser nenhum gênio de vendas para perceber que esse leitor de quadrinhos deve ter começado algum dia na senda do vício. E, com certeza, se você não leu histórias de heróis até os 18 anos não vai iniciar depois de velho. É desde pequenino que se torce o pepino (no bom sentido).
Quantos consumidores das revistas da Abril não começaram a ler quadrinhos pegando o troco do supermercado. Ou juntando os míseros "nickles" da mesada para comprar alguma edição mais cara? Com está estúpida linha de raciocínio, a Abril, está, como se diz no interior, matando a galinha dos ovos de ouro. Tempos sombrios se aproximam. Não existirão, em um breve e sinistro futuro, mais leitores mirins de quadrinhos no Brasil.
Para piorar a situação, agora as revistas terão tiragem limitada. Antigamente você encontrava seu herói predileto em qualquer banca de rodoviária. Agora a distribuição será restrita. É... muitos são os chamados, poucos os escolhidos. Em uma cidade de 5000 habitantes, por exemplo, era possível chulear os exemplares, em, no mínimo, 10 bancas. No futuro, somente duas terão algo para oferecer e olhe lá.
Mais ainda, a distribuição não será mais uniforme. Ou seja, a região Sudeste vai receber primeiro as novas revistas no dia 11 de agosto. Em outubro, elas chegam nas demais regiões!!! Quer dizer, raciocinando friamente, são dois meses de espera!!! Contando a já tradicional defasagem entre os EUA e o Brasil serão revistas mais velhas que os peitos da Dercy Gonçalves!!!
A ZeroZen recomenda enfaticamente que o leitor poupe o seu suado dinheiro. Ao invés de perder tempo torrando seu dinheiro em histórias que, pensando bem, não valem a pena mesmo, compre uma boa e nova revista de putaria. Tem as mesmas cento e poucas páginas e com certeza a diversão vai ser maior (no bom e no mau sentido).