Os brasileiros no Orkut
Além disso, sou contra o uso da Internet para o mal. Mauren Mota, ao justificar porque não participa do Orkut. Caderno Patrola, Zero Hora, sexta, 16 de julho de 2004.
O engenheiro Orkut Buyukkokten, funcionário do Google, o site de buscas mais popular da Web, teve uma grande idéia. Ele imaginou um site de relacionamentos. A idéia principal é que os amigos de seus amigos também podem ser seus amigos. Com isso, poderia se criar uma enorme rede de relacionamentos virtuais.
Na sua característica falta de modéstia, que é peculiar aos engenheiros, o funcionário do Google resolveu batizar o programa com seu nome. Nascia então Orkut. Porém, seu criador sabia que era preciso selecionar o público. Era preciso controlar a entrada de pessoas no sistema. Talvez até por que o Google não estivesse preoparado para receber um volume muito grande de pessoas.
Então ele criou a seguinte regra: o Orkut é uma comunidade virtual na qual só se entra após um convite feito por alguém que já está lá dentro. Aceito o convite, preenche-se o perfil e, basicamente, tem-se acesso aos demais membros e aos grupos de interesse. Daí para frente vale tudo, desde desenhos animados, turmas de colégios, ex-funcionários de empresas. Criar comunidades é uma espécie de passatempo do Orkut.
O programa ainda incentiva o puxa-saquismo pois o usuário pode declarar e ou ser declarado "cool", "trusty" e "sexy", ganhar fãs e ou escrever (ou receber) elogios públicos dos amigos em testemonais altamente duvidosos. Ou seja, eis um prato cheio para atrair megalomaníacos, egocêntricos, e otários de todas as categorias.
Porém, o que Orkut Buyukkokten não contava era com os brasileiros. Primeiro foi um convite aqui outro acolá. De repente, houve uma verdadeira invasão. A patuléia desceu o morro digital e tomou conta do campinho. Em pouco tempo o país passou a reponder por 41% dos usuários do programa superando, até mesmo, os norte-americanos. É... lá se foi a vizinhança.
O pobre engenheiro Orkut Buyukkokten já estava tomando champanha com os donos do Google, mas teve de ver seus sonhos de fama e fortuna virarem fumaça. Os americanos ficaram desesperados e decidiram fugir para longe dessa gente fina, elegante e sincera que emporcalhou o programa. Alguns foram irônicos e criaram comunidades como "Help! I don't know portuguese" ou "Whatta F.. Crazy Brazilian Invasion".
O fato é que os brasileiros descobriram uma única utilidade para o Orkut: mandar spams. É uma verdadeira festa. Tudo é motivo para incomodar os amigos dos amigos dos amigos dos seus amigos. Desde a fome na África a uma festa no interior do Acre. Decididamente vale tudo. Aqueles seres amorfos sem vida própria que passam as tardes repassando power points com mensagens de auto-ajuda migraram todos para o Orkut.
Orkut Buyukkokten perdeu tudo. Seu programa cairá no esquecimento nos Estados Unidos. Quanto aos brasileiros a dominação mundial se aproxima. Das 453 mil pessoas que têm fotologs no mundo, 211 mil são brasileiros. O Brasil ocupa o oitavo lugar em usuários de MSN Messenger. O país também é o quinto maior mercado de ICQ. Ou seja, não existe nada que a massa ignara não consiga apatifar. É melhor alguém inventar uma Internet 2.0...
P.S.: 1- A ZeroZen ao contrário da tacanha mídia nacional não costuma colocar frases fora do contexto. A abertura desse artigo foi feita por uma rotunda apresentadora de televisão. Ela ficou revoltada por que existe uma comunidade no Orkut chamada: "eu odeio a gorda do patrola" com quase dois mil assinantes. Ou seja, a esférica pseudo-celebridade sequer admite o fato de que existam pessoas que não vão com a sua cara. Daí a revolta. Com certeza ganha o prêmio teu ego é bem maior que o estômago do ano...
P.S.: 2- Não poderíamos deixar passar a que ZeroZen também possui uma 'comunidade' no Orkut, e não é não uma do tipo "eu odeio a ZeroZen" como a maioria dos nossos leitores poderiam pensar. Se o incauto internauta não acredita confira no link aqui.