Pela volta da corrupção-arte
O Brasil está mudando. Claro que é para pior, mas isso não é novidade. A grande surpresa do ano foi a descoberta de um esquema de corrupção no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Rapidamente, o país acabou soterrado em uma avalanche de denúncias. Com isso, as tradicionais CPIs (Comissões Parlamentares de Inquérito) se transformam em uma espécie de novela interminável onde cada capítulo tem mais de 12 horas de duração.
O mar de lama começou com uma denúncia aparentemente banal. A revista Veja publicou reportagem em maio alertando para a existência de um esquema de cobrança de propina nos Correios. Um dos mentores do esquema seria o presidente nacional do PTB, deputado Roberto Jefferson (RJ).
Com base em uma gravação feita por representantes de empresas, a reportagem mostra o ex-chefe do Departamento de Contratação e Administração de Material dos Correios Maurício Marinho recebendo R$ 3 mil como "adiantamento" para que as empresas pudessem "entrar no rol de fornecedores" dos Correios. Pego no flagra, Jeferson percebeu que seria cassado.
Então, o ex-líder da tropa de choque do presidente Fernando Collor, decidiu fazer o impensável: falar a verdade. Revelou a existência de um esquema de corrupção que atingiria deputados da base aliada. Eles receberiam R$ 30 mil por mês para votar a favor dos projetos do governo. Era o famoso mensalão.
De acordo com Roberto Jeferson, o mentor de tudo seria o ex-chefe da Casa Civil, José Dirceu. Também estariam envolvidos o tesoureiro nacional do PT, Delúbio Soares, Silvio Pereira e José Genoino. Bem, Jeferson aumenta, mas não inventa. Quase todas as suas acusações parecem ser verdadeiras. Curiosamente, em vários depoimentos, apontou a existência de corrupção em Furnas no IRB. Prontamente o governo afastou as pessoas mencionadas pelo deputado.
Por fim, o ex-presidente do PTB trouxe para a ribalta o nome do publicitário Marcos Valério. Ele teria emprestado dinheiro para que o PT pagasse o mensalão. Além disso, fez uma série de polpudos empréstimos para o partido dos trabalhadores. Bem, a partir daí é só acompanhar as CPIs. Pois, a cada depoimento a situação fica mais enrolada do que namoro de vesgo.
Porém, este momento de lucidez vem chamar a atenção para um fato que está passando despercebido pela imprensa. Pela primeira vez, o grande responsável por um esquema de corrupção no Brasil é um publicitário. Ou seja, não se fazem mais corruptos como antigamente. O mar de lama está caindo de qualidade. Daqui a pouco só falta um relações públicas se desculpando perante deputados em um CPI. Seria mesmo o fim da várzea.
Vale notar que o valor da corrupção brasileira está em queda livre. Maurício Marinho pediu a insignificante quantia de R$ 3 mil. Valdomiro Diniz, outro envolvido em denúncias de corrupção pediu uma mísera propina de 1%. Mas o que é isso? Onde está a ambição e a falta de escrúpulos que caracterizavam a política nacional.
Para que se tenha uma idéia, na época do presidente Collor, existiam os anões do orçamento. Com eles, o roubo era sempre na casa dos milhões. O impagável deputado João Alves, ao seu acusado de corrupção, garantiu que seu patrimônio aumentou exageradamente porque tinha ganho mais de 100 vezes na loteria!!
Por isso, a ZeroZen está lançando uma campanha pela volta da corrupção-arte. Todos os deputados acusados devem ser sumariamente cassados. Eles provaram que não tem a menor competência para roubar. Então devem ser substituídos por gente ainda mais corrupta. Assim, o Brasil vai elevar novamente a sua corrupção aos níveis de antigamente.
Como diz o ditado: não se mexe em time que está fraudando. Com o retorno da corrupção-arte, o governo poderia organizar pacotes turísticos para que o povo possa ver onde está sendo descaradamente roubado. Também poderiam ser organizadas excursões para adultos, que acompanhariam uma legítima orgia feita pelos nossos nobres parlamentares. Enfim, é preciso ressaltar que o Brasil tem jeito (jeito para a fraude, a falcatrua e a maracutaia).