Renan, o imortal

O Brasil passou momentos de forte turbulência política. O ano de 2007 poderia ser facilmente descrito como uma espécie de inferno astral para os parlamentares do Congresso Nacional. Porém, no meio de tanto caos, bandalheira e falta de vergonha na cara, finalmente surge uma boa notícia para o povo brasileiro. Após tanto tempo, sabemos quem manda no Brasil. Seu nome: senador Renan Calheiros!

Sim, nada de presidente Lula, nada de Arlindo Chinaglia, nada de José Dirceu. Renan é o cara. Porém, a ZeroZen mata a cobra e mostra o instrumento de trabalho. Esta teoria é amplamente baseada em fatos. Primeiro é preciso deixar claro que o senador alagoano foi absolvido duas vezes em plenário.

No dia quatro de dezembro de 2007 foi considerado inocente no Senado da acusação de quebra do decoro parlamentar, por ter usado "laranjas" para adquirir um grupo de comunicação em Alagoas. Ele obteve a seu favor 48 votos, contra 29 e 4 abstenções. A cassação exigia 41 votos de um total de 81.

Como ele conseguiu tamanha proeza? Fácil. Renunciou ao cargo de presidente do Senado antes da votação. Sim, Renan Calheiros tem a manha. Tanto que já tinha sido vitorioso no julgamento anterior. Naquela ocasião, Renan Calheiros era acusado de pagar despesas pessoais com recursos do lobista Cláudio Gontijo, funcionário da construtora Mendes Junior. No dia 12 de setembro de 2007, ele teve 40 votos pela absolvição, 35 pela cassação e 6 abstenções.

Muitos analistas políticos afirmaram que a renúncia à presidência deveria ter ocorrido na primeira absolvição. A ZeroZen acha que não importa. Se Renan fosse julgado 40 vezes seria absolvido 40 vezes. Ele é o verdadeiro imortal do Congresso. Ninguém consegue derrubá-lo. Ele renunciou apenas por que perdeu a graça sempre ganhar de todo mundo.

Vale notar que isso não é um exagero. Durante aproximadamente cinco meses, Renan Calheiros foi acusado de tudo. Virou o vilão número 1 do Brasil. Nem mesmo a novela das oito produziu um sujeito tão vil e abjeto. Chegou atrasado no escritório? A culpa era do Renan. Furou o pneu do carro? A culpa era do Renan. Entrou no negativo no banco? A culpa era do Renan.

E, mesmo assim, com toda a imensa força da opinião pública, o senador garantiu que era inocente. Praticamente implorou para ser julgado em plenário. Os analistas políticos falavam que sua cassação era apenas questão de horas. Mas Renan Calheiros triunfou.

Mais ainda, depois de ser absolvido pela segunda vez, Renan teve as outras denúncias - sua suposta sociedade, por meio do uso de laranjas, com o usineiro João Lyra para o comando de emissoras de rádio e de um jornal em Alagoas e a denúncia de tráfico de influência para o suposto favorecimento junto ao INSS para a cervejaria Schincariol instalar fábrica em Alagoas - arquivadas pelo Conselho de Ética do Senado.

Ora, se o nosso presidente diz que não sabe de nada é válido concluir que Renan Calheiros sabe de tudo - e muito possivelmente de todos. Renan só não comeu pão que o diabo amassou por que este tipo de alimento não posa para a Playboy. Enfim, esse é um momento de lucidez e - como se sabe - os covardes vivem mais. Portanto, não vale irritar o dono do Brasil.

Da Equipe de Articulistas