Rock Brasileiro bom só por milagre

Como se sabe a banda Raimundos acabou. O grupo de Brasília era um dos preferidos da geração playstation. Com clipes na parada da MTV, um disco ao vivo vendendo bem, o grupo parecia estar no auge do sucesso. Então para a supresa geral o vocalista Rodolfo decide abandonar a carreira artística. O motivo foi inacreditavelmente bizarro. Rodolfo virou evangélico.

Quer dizer como é que alguém que cantava "foi num puteiro em João Pessoa/descobri que a vida é boa/ foi minha primeira vez" pode gostar de religião? Se isso é um sinal de fé, é melhor a gente reler a Bíblia e rápido. Diga-se de passagem, Rodolfo, segundo testemunho de uma fã da banda, chegou a participar de um culto no templo Igreja Sara Nossa Terra em Camboriú.

O roqueiro assistia a pregação de braços abertos para o céu, o olhar absorto, a alma em estado de contrição. De repente, em um único espasmo, ele desaba no chão. O pastor evangélico corre para acudi-lo. Aos gritos de "sai capeta, xô demônio" começa a chacoalhar o roqueiro brasileiro. O fato é os neurônios de Rodolfo levaram um tranco e ele abandonou os Raimundos. Foi a primeira banda no Brasil a acabar por causa de uma divergência religiosa. Em tempo, a Igreja Sara Nossa Terra é a mesma dos iluminados Baby do Brasil, Marcelinho Carioca (isso explica muita coisa) e Monique Evans.

Nas semanas que se seguiram Rodolfo mudou o discurso. Disse que sempre quis ser um roqueiro do bem. Renegou as músicas dos Raimundos. Afirmou em claro e bom tom que a banda era infantil, que as canções feitas por eles não tinham qualidade. Como se isto não fosse suficiente, ainda criticou o que deve ser o último sucesso da banda. Reggae do Fuleiro. Segundo Rodolfo, a música era uma sobra de estúdio e foi colocada nas rádios para divulgar a banda por pressão da gravadora.

Mas e o Rodolfo? Agiu certo ou não? A verdade é que, apesar de todas as críticas que recebeu, o ex-vocalista dos Raimundos está no caminho certo. Afinal, rock brasileiro bom só por milagre. Provavelmente a idéia de Rodolfo é ver se o cara lá de cima dá uma forcinha. Até por que quem cantou  coisas como "...no banheiro e não tem papel pra cagá" vai precisar de toda a ajuda possível.

Da Equipe Articulistas