Atenção! Estamos cada vez mais sem atenção


Se você está cada vez mais confuso, sem conseguir entender o que se passa no TikTok talvez não esteja ficando velho, idoso ou senil. Na verdade, a dificuldade de concentração e de atenção do ser humano diante de atividades longas tem diminuído com o tempo.

O tempo médio de foco para indivíduos olhando para uma única tela caiu de 2,5 minutos em 2004 para uma média de 47 segundos em 2021. Esses dados foram coletados por Gloria Mark, professora de informática na Universidade da Califórnia, Irvine. Ela escreveu o livro “Attention Span: A Groundbreaking Way to Restore Balance, Happiness and Productivity” (“Capacidade de atenção: uma maneira inovadora de restaurar o equilíbrio, a felicidade e a produtividade”, para quem ainda precisa usar o Google Tradutor).

Basicamente, a gente vive uma economia da atenção. De uma hora para outra passou a ser interessante monetizar a atenção das pessoas. Com tantas coisas disputando o nosso interesse acaba faltando tempo para fazer as coisas que realmente importam. Como, por exemplo, ler a ZeroZen...

Não pense que essa é uma opinião isolada. A famosa Harvard Business School (HBS) já deixou claro que as empresas de tecnologia e as empresas de marketing de anúncios usam informações para construir perfis mais precisos sobre as pessoas. Para elas, cookie é bom. Com base nos dados coletados projetam algoritmos cada vez mais sofisticados com o objetivo de capturar a atenção dos incautos. Para a professora emérita da HBS, Shoshana Zuboff, vivemos na era do capitalismo de vigilância. Ou seja, cada vez mais haverá a coleta de dados pessoais para rastrear e prever comportamentos.

Quer uma prova disso? Até os programas de TV ficaram mais curtos em duração ao longo dos anos. Não necessariamente em relação ao tempo, mas agora existe uma média de um corte a cada quatro segundos. Ou seja, com uma atenção tão fragmentada, apostar em um ritmo mais lento é basicamente perder a audiência.

Sim, existe uma geração que acha que um vídeo de três minutos no Youtube já é longo demais. Então veio o TikTok. Lá os cortes rápidos são parte da estética para manter a atenção. Só que isso tem um custo. Não há palavras de conexão ou pausas naturais. Aliás, raramente há um vestígio de lógica ou bom senso, mas isso já é outra história....

Enfim, chegamos no ponto de admitir a vitória da impaciência e do consumo rápido e aleatório. Mas a gente precisa confessar rápido porque já tem uns 20 vídeos na fila. Por isso que isso não necessariamente pode ser um problema geracional e sim somente uma burrice patrocinada pelo algoritmo...

Da Equipe de Articulistas