Uma novidade no mundo capitalista: os empregos fantasmas


Como se não bastasse a Inteligência Artificial, que deve roubar milhares de empregos, o capitalismo tardio inventou outra maneira de desgraçar a vida do trabalhador. Possivelmente, se você é leitor da ZeroZen, deve estar desempregado. A gente consegue atrair esse pessoal. É o nosso público consumidor. O que, aliás, explica por que essa impoluta revista digital nunca ganhou dinheiro na vida. Enfim, agora chegou a vez dos empregos fantasmas.

Bem, é preciso explicar melhor o que está acontecendo no mundo capitalista. Em um tempo não muito distante, a pandemia forçou as pessoas a trabalharem remotamente. Inclusive o setor de RH. As entrevistas de emprego se tornaram virtuais. Com isso, sites de emprego - como, por exemplo, o Linkedin - viram a audiência crescer de forma exponencial.

De fato, anunciar as vagas online se tornou prático, rápido e fácil. Como a maioria do trabalho era remoto, isso permitiu que várias empresas buscassem talentos em outros estados e criassem um ambiente realmente diverso e criativo. Sim, as coisas estavam funcionando bem. Claro que esse não é o objetivo do capitalismo. A ideia central é tudo dar errado, levar as pessoas ao alcoolismo ou a alguma doença incapacitante...

Mas agora o mundo resolveu retornar ao trabalho presencial. Ou seja, a gente voltou aquele estado miserável e deprimente de pegar ônibus lotados em um dia de chuva. Todavia, mesmo com essa retomada de um sistema que fracassou miseravelmente, os sites de emprego seguem repletos de vagas.

O número de candidatos para uma vaga cresceu de forma impressionante. Às vezes, há mais de 800 candidatos para uma única vaga. O curioso é que, apesar da quantidade de interessados, muitos anúncios permanecem nas plataformas digitais com uma frase extremamente suspeita: “Publicado há mais de 30 dias”.

Claro, o RH tem todo o direito de levar o tempo que quiser para fazer uma escolha. Porém, na maioria das vezes, a empresa tem pressa em repor um funcionário. O problema é que muitos desses anúncios de vaga nunca foram planejados para serem preenchidos. Pois é... Chegou a era dos “empregos fantasmas”.

De acordo com a Revelio Labs, uma empresa de inteligência profissional sediada nos EUA, a proporção de contratações para cada cargo caiu para menos de 0,5 em 2023. O que isso significa? Simplesmente que mais de metade das ofertas não resultou na contratação de um candidato pelo empregador. Mas fica ainda pior: quase sete em cada dez empregos permanecem abertos por mais de 30 dias e 10% permanecem vagos por mais de um semestre.

Como assim uma vaga é anunciada por um semestre? Que tipo de empresa faz isso? Alguns gestores geniais da área de contratação disseram que publicam vagas que não pretendem preencher. O motivo? Querem dar a impressão de que a empresa está crescendo.

Como o pessoal do RH tem cadeira garantida no inferno, outros gestores declararam que os empregos são anunciados para tranquilizar os funcionários sobrecarregados. Então, basicamente, eles ficam satisfeitos ao saber que a ajuda está chegando. Só que eles vão ter de esperar até o Internacional ser campeão de novo. Ou seja, vai demorar...

A Resume Genius, empresa norte-americana que ajuda trabalhadores a criarem seus currículos, descobriu 1,7 milhão de possíveis empregos fantasmas no LinkedIn somente nos Estados Unidos. Então, se você estiver desemprego pode acabar perdendo 30 dias na espera de uma vaga que não vai ser preenchida.

Claro que os empregos fantasmas chamam a atenção. Afinal de contas pagam mais do que o salário-mínimo. Na verdade, pagam o salário-médium. Mas não adianta nem perder tempo tentando esse tipo de vaga. Por que elas acabam indo todas para Brasília. Afinal de contas, no Congresso Nacional tá cheio de funcionários fantasmas...

Da Equipe de Articulistas