A Sony tem medo das platinas fáceis?
Admita: de tempos em tempos você sente aquela vontade de ser um FDP (Fanático De Platina). Completar 100% de um jogo dá mesmo aquela sensação de missão cumprida. O problema é que isso não é fácil. Muitos desenvolvedores colocam requisitos absurdos que obrigam o jogador a perder horas e mais horas em tarefas repetitivas. Mas agora a Sony entrou na briga. E justamente do lado errado.
Por conta da dificuldade em se conseguir uma platina, alguns desenvolvedores perceberam o óbvio. Poderiam criar um jogo simples, de baixo custo, que permitisse a qualquer um - veja bem, qualquer um - ganhar o almejado troféu de platina. Esses jogos inclusive receberam o apelido de "garapa". Em tese, a garapa é o líquido extraído da cana-de-açúcar no processo de moagem. A maioria das pessoas conhece como caldo de cana. Mas, no sentido figurado, a palavra significa "coisa boa e fácil de obter" (*).
Faz sentido. Ou seja, se as pessoas estão com dificuldade de conseguir um troféu de platina, desenvolvedores criam jogos para suprir essa demanda. É assim que o capitalismo funciona. Só que a Sony aparentemente quer acabar com a festa. Um suposto comunicado - vazado na Internet - revela que a dona do PlayStation teria classificado esses games como spams!!! Eles seriam capazes de causar impacto negativo para os consumidores e para as empresas responsáveis.
Inclusive o texto indica quais são os critérios adotados para identificar esses títulos:
- Produtos cujas funcionalidades e/ou ativos são copiados ou não são significativamente diferentes dos produtos já publicados na PlayStation Store, independentemente do editor registrado;
- Múltiplos conceitos e variantes de produtos, publicados por parceiros individuais, que possuem funcionalidade ou experiências duplicadas, diferenciadas apenas por pequenas variações de funcionalidade ou ativos;
- Sempre que possível, os parceiros devem considerar agregar pequenas experiências de conteúdo semelhantes em um único produto, usando o comércio no jogo para expandir ou estender a experiência. Por exemplo, fornecer troféus diferentes para cada produto não é suficiente para diferenciar o conteúdo.
Basicamente, é a descrição perfeita dos games que a redação da ZeroZen vem jogando para fazer a seção Cheap Games. Claro, nem todo Cheap Game é uma platina fácil, mas o índice de pilantragem, de patifaria, sempre é alto. Ainda assim, o comunicado deixa claro que a intenção é manter a qualidade dos games oferecidos na PlayStation Store. Olha, Sony... depois de tanto jogo ruim resenhado pela ZeroZen gostaria de dizer que agora é tarde demais. Só criando outra loja...
Inclusive, a Sony pode até banir desenvolvedoras que nao respeitem esses critérios. Francamente, a ZeroZen jamais criticou um jogo por ele ser uma platina fácil. Não há nada de errado com isso. Quem define quais sao os troféus é a desenvolvedora. E tem mais: se existem pessoas querendo comprar, qual é o problema?
Afinal de contas, jogos garapas democratizaram a platina. Para que perder mais de 100 horas para obter uma platina em um jogo triple A? O jogador pode obter o mesmo resultado em cinco minutos e ainda gastando muito menos dinheiro em uma garapa marota. Melhor ainda se ler a seção Cheap Games e se tornar um verdadeiro FDP (Fanático De Platina). Aliás, está na hora de criar a FPFB (Frente da Platina Fácil e Barata!).
Já dá para lançar a campanha Free Platina? Ou Platina para todos? Platina: um direito de todos?
(*)- Se a gente for mais a fundo na etimologia da palavra garapa vai descobrir que ela tem origem no tupi de "guarapa" (gerúndio supino de "guarab") ou no guarani de "ygará-hab" ("líquido escorrido"), referindo o século XVI como data provável de surgimento do termo no Brasil. Líquido escorrido? É melhor parar antes que alguém crie uma produtora pornô chamada Guarapinhas do Brasil...