Por que o brasileiro não gosta de vacinas?


O brasileiro não gosta de vacinas. Ponto. Então algum gênio da pós-modernidade pode tido uma epifania. Ora, já que o governo é incompetente, talvez a iniciativa privada possa providenciar vacinas... Mas não, o brasileiro não gosta de vacinas. Nem de graça!

Todo rebanho precisa ser vacinado regularmente. Isso é um fato! Mas não! O brasileiro não gosta de vacinas... Não acredita? Em 1904, o Brasil estava no meio de uma crise sanitária sem precedentes. Havia um surto terrível de varíola. A solução? Vacinação em massa da população. Mas os jornais ficaram furiosos, lançaram uma campanha contra a medida. O congresso protestou e foi organizada a Liga contra a vacinação obrigatória.

E, a partir daí, a pancadaria foi geral. Entre os dias 10 e 18 de novembro de 1904, houve uma das mais violentas das revoltas populares da República. Bondes foram tombados, trilhos arrancados, calçamentos destruídos. A turba, a patuleia, a massa ignara era composta de cerca de 3 mil revoltosos. Tudo isso por que foi criada uma lei que tornava obrigatória a vacina contra a varíola. No meio de tudo isso, o jovem médico sanitarista Oswaldo Cruz, começava a perceber que o Brasil não é para amadores.

A questão da vacinação foi tão séria que quase levou à queda do presidente da República. A oposição política aproveitou a insatisfação popular para tentar derrubar Rodrigues Alves. O presidente reagiu. O conflito terminou com saldo de 30 mortos, 110 feridos, cerca de 1000 detidos e centenas de deportados. Em tempo, na época o Rio de Janeiro detinha o duvidoso título de “túmulo dos estrangeiros”.

A “Cidade Maravilhosa” era realmente pestilenta. Os diplomatas estrangeiros, por exemplo, fugiam para Petrópolis no verão, para se livrar do contágio. Em 1895, ao atracar no Rio, o contratorpedeiro italiano Lombardia perdeu 234 de seus 337 tripulantes por febre amarela. Atualmente, a varíola está extinta no mundo todo (uma vacina a menos pro brasileiro se preocupar).

Alguém pode contra-argumentar que não são das vacinas que o brasileiro não gosta. Mas sim, de agulhas! Ok, isso é verdadeiro e patético. O que convenhamos é bem brasileiro.

Deve ser por isso que os discos de vinil tiveram uma morte tão rápida por aqui. E acreditem, hoje em dia, discos de vinil vendem mais que Cds! Mas se você quiser ouvir discos de vinil no Brasil terá que importar agulhas! Estamos falando sério! Queremos agulhas e vacinas (não necessariamente nessa ordem).

Da Reportagem Local, ou não

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