ZeroZen e a cultura do cancelamento

Os mi-mi-milênios querem mudar o mundo. Sem sair do sofá, é claro. Ou seja, a rebeldia vai até onde for o alcance do wi-fi. Porém, na sua ânsia por justiça social e preservação ambiental, criaram uma espécie de movimento chamado cultura do cancelamento. A ideia é defender os fracos e oprimidos e ainda ganhar um motivo para xingar muito no Twitter.

Basicamente, a cultura do cancelamento se aproveita da burrice coletiva da Internet. Na tentativa de forçar uma ação política de uma marca ou de uma figura pública, os usuários de redes sociais se unem para o ampliar o alcance da mensagem. Então, de uma hora para outra, uma empresa (ou uma pessoa) é atacada sem cessar. Resultado? Para acalmar a patuleia uma decisão rápida - e, na maioria das vezes, estúpida - é tomada.

Além do desgaste de imagem, uma das características da cultura do cancelamento é ignorar o conceito de ampla defesa. Todo mundo pode ser condenado no grande tribunal da Internet. Pior ainda: o "cancelamento" normalmente termina com a demissão do cancelado. Depois, as pessoas passam a se concentrar no próximo alvo.

Por exemplo, a cantora Anitta passou a atrair a atenção dos homossexuais. Fez sucesso e agradou a comunidade. Virou musa e diva. Então, começou a arrecadar uma boa fatia do chamado pink money. Só que veio a eleição. Aí ela disse que o voto é secreto (basicamente um eufemismo usado por quem votou no Bolsonaro). Resultado? Foi cancelada e perdeu todo o apoio

A blogueira Gabriela Pugliesi foi a cancelada da pandemia. Postou imagens de uma festa que deu em sua casa, em abril. Sim, no auge da contaminação. Pegou mal. A malta, a turba se indignou. E passou a cobrar as marcas para que rescindissem os contratos de publicidade com ela. Deu certo. Pugliesi perdeu pelo menos cinco contratos e seu prejuízo teria superado os R$ 2 milhões.

A ZeroZen está tão à frente da manada que ela própria se cancelou por cinco anos! Antes mesmo que alguém tentasse acabar com a nossa reputação nos fizemos isso sozinhos. Toma essa, seu Social Justice Warrior! E vale lembrar que mesmo com todo o impacto causado pela cultura do cancelamento, as operadoras de tevê a cabo são completamente imunes. Duvida? Então tente cancelar algum dos serviços contratados...

Da Reportagem Local, ou não