NÃO INTERESSA A NINGUÉM, MAS...

O padre voador vai para o céu

As buscas pelo padre Adelir de Carli foram oficialmente encerradas ao meio-dia de domingo, 11 de maio, em Santa Catarina. Carli, apelidado de padre voador, está desaparecido desde 20 de abril. Ele acabou participando de uma perigosa aventura quando decidiu levantar vôo da cidade de Paranaguá, no Paraná. Seu objetivo era de bater um recorde: voar por 20 horas usando balões de festa, com gás hélio.

A intenção do padre Adelir de Carli era pousar na cidade de Dourados, no Mato Grosso do Sul. Infelizmente, o mau tempo acabou desviando o religioso de sua rota. Ele saiu de Paranaguá, no Paraná, às 13h, apesar da chuva. Como resultado da imprudência, fortes ventos o levaram para o mar de Santa Catarina.

Quase duas horas depois de decolar, o padre já estava a 5.800 metros de altitude, quase o dobro do previsto. Alçado por mil balões, subiu a uma velocidade de quase seis metros por segundo. Ele tentou contato por celular. Às 21h, Adelir de Carli avisou que estava pousando no mar, a cerca de 15 quilômetros a leste das Ilhas Tamboretes, litoral norte de Santa Catarina. Ele usava macacão e roupa térmica capaz de suportar até 10 graus negativos além de estar equipado com um celular com GPS.

As equipes de resgate encontraram os primeiros pedaços de balões na Praia da Penha, em São Francisco do Sul. Na seqüência, mais balões foram encontrados na Ilha dos Remédios, em Barra do Sul. As buscas foram feitas a 30 quilômetros da costa por cerca de 100 pessoas, com auxílio de um helicóptero da Polícia Militar de Santa Catarina, duas embarcações da Marinha, um avião da Força Aérea Brasileira e um avião do governo do Paraná, além de pescadores voluntários. Mesmo assim, o corpo do padre não foi encontrado.

A ZeroZen, contudo, gostaria de chamar a atenção para um fato lamentável nessa triste história. Tudo bem que o padre Adelir não tinha habilitação para voar. Antes de terminar o curso de pára-pente, ele foi desligado pelo instrutor. Tudo bem que o padre se negou a informar ao Departamento de Aviação Civil, o controle Curitiba, seu plano de vôo. Ou mesmo que a Agência Nacional de Aviação Civil tenha negado ao padre seu pedido de vôo.

O espantoso é que o padre Adelir de Carli , ao perceber que talvez voar com balões de aniversário em um dia de chuva e vento seja uma idéia de jerico, usou seu celular para pedir ajuda. “Eu preciso entrar em contato para que eles me ensinem a operar esse GPS aqui, para dar as coordenadas de latitude e longitude, que é a única forma que alguém por terra pode saber onde eu estou”, pediu o religioso.

Ele repetiria novamente o apelo antes de desaparecer por completo: “O celular via satélite está saindo de área e, além do mais, a bateria está enfraquecendo, está OK? A bateria do celular está enfraquecendo, do via satélite, está OK”, explicou.
De acordo com a empresa que alugou o celular para o padre, a bateria deste tipo de aparelho tem autonomia para três horas e meia de conversação. A intenção do padre era permanecer voando por 20 horas.

Bem, como é que alguém não sabe operar um celular com GPS? Depois as pessoas dizem que o analfabetismo digital não mata... Porém, se o religioso não sabia como mexer em seu aparelho muito menos quem recebeu a ligação. A impressão é que o padre pediu ajuda para usar o GPS e o pessoal que atendeu, acabou por entender tudo errado.

Provavelmente deve ter acontecido o seguinte, toda equipe reunida para decifrar o telefonema: "O que o padre disse? GTS? GXS? Como era mesmo a sigla?" Até que alguém emendou: "Pô, o padre falou GLS! Avisa o pessoal de Campinas que ele deve estar pousando por lá"...

Enfim, a verdade é que mesmo que você acredite em Deus, não custa nada ter fé na tecnologia...

Da Equipe de Articulistas