NÃO INTERESSA A NINGUÉM, MAS...

Oscar 2002: Black People (Os)Car

O Oscar 2002 é uma espécie de amigo secreto entre o pessoal rico de hollywood. São ricos dandos estatuetas de ouro para gente mais rica ainda. Talvez por isso em sua sua 74ª edição, o pessoal da academia tenha resolvido parecer um pouco mais moderno. Claro que na hora decisiva o prêmio de melhor filme e direção ficou para o fraco e tíbio Uma Mente Brilhante.

A supresa da noite ficou por conta dos Oscar de ator e atriz. Foi uma consagração do Black People Oscar. Denzel Washigton por Um Dia de Treinamento e Halle Berry por A Última Ceia receberam a honraria. Para Berry, a vitória foi ainda mais emociante pelo fato de ela ter se tornado a primeira mulher negra a ganhar um Oscar de melhor atriz em 74 anos da cerimônia. Além disso a Academia homenageou o veterano afro-americano Sidney Poitier até então o único a ganhar o prêmio de melhor ator há quarenta anos.

O problema é que em ambos os filmes não se vê nada empolgante para justificar a premiação. Denzel tem a pior interpretação da sua carreira em um filme canhestro pífio e patético. Já Halle Barry depois de mostrar seu carisma em A Senha (Swordfish) e já despontava para o anonimato. Em A Última Ceia ela tem a melhor atuação da sua vida, mas isso não quer dizer grande coisa. Ela, ex-modelo, filha de pai branco com mãe negra, é incapaz de se mostrar convincente por mais de três minutos. Muita gente melhor do que ela merecia o Oscar.

A apresentadora da noite Whoopi Goldberg distribui as tradicionais piadas infames para as mais de três mil pessoas que lotavam o Kodak Theater enquanto os fãs de O Senhor do Anéis viam o seu filme predileto ganhar apenas prêmios técnicos, a segunda divisão do Oscar. O curioso foi Randy Newman que venceu na categoria de melhor canção, com "If I didn’t have you", de "Monstros S.A" , após concorrer ao prêmio 16 vezes. Newman é um loser de carterinha. Talvez por isso os votantes tenha sentido pena. Como era mesmo a noite da caridade, ele levou a estatueta para casa.

A maior surpresa da noite ficou por conta da participação de Woody Allen. Como a cerimônia ocorreu num domingo ao invés da tradicional segunda-feira, o humorista resolveu aparecer por lá. Como se sabe, na segunda Allen toca jazz com a sua banda em um clube e, por isso, ignora solenemente o pessoal da academia. Serviu para provar que decididamente Whoopi Goldberg não tem a menor graça.

No quesito de filme estrageiro o Brasil se vingou. Abril Despedaçado, diziam alguns críticos mais afoitos, não teria a menor chance de bater o mega-favorito O Fabuloso Destino de Amélie Poulain, dirigido por Jean-Pierre Jeunet. Pois o prêmio acabou indo para Terra de Ninguém, um filme bósnio de qualidade idem. Provavelmente ninguém ainda em Hollywood esqueceu da bomba que foi o Alien 4.

Entra ano e sai ano o Oscar se renova para continuar exatemente igual. Os cinéfilos, que são pessoas que têm problemas, muitos problemas, perdem horas preciosas da sua vida apenas para ficarem decepcionados. Isto não parece fazer muito sentido, mas gente que vai mundo ao cinema, na maioria das vezes, não possui nada melhor para fazer. A ZeroZen, a única revista brasileira que acredita na destruição criativa , sabe que não existe nada mais irrelevante do que perder tempo votando em quem foi melhor ator. Afinal, fazer um filme não é o mesmo que uma corrida de cavalo onde o que importa é quem chegou em primeiro lugar.

Da equipe de Articulistas

e lembre-se...
Se você acha que muito mais interessante é assistir a cerimônia de entrega de prêmios da indústria pornô americana, o Oscar Alho, então você é um pouco ZeroZen.