NÃO INTERESSA A NINGUÉM, MAS...

Interatividade, mas nem tanto

A cerveja Kaiser teve uma grande idéia para um comercial. Fez uma pesquisa na Internet e deixou que os fãs decidissem qual seria o tema da nova campanha. Foram apresentadas quatro opções: mulher, futebol, praia e bichinhos esquisitos. Sem nenhuma supresa, mulher foi a esolha mais votada, deixando os outros concorrentes bem atrás. Uma verdadeira barbada.

Só que para a total supresa dos votantes a nova campanha da Kaiser veio estrelada por quatro dos maiores canastrões da televisão brasileira: Fábio Assumpção, Murilo Benício, Eduardo Moscovis e Marcos Palmeira. Certo, existem mulheres nas peças publicitárias, mas elas são meras coadjuvantes para a falta de carisma dos atores globais.

Portanto a pergunta irrelevante que não quer calar é: que diabos de interatividade é essa? Se o público votou em mulher é isto que ele deve receber. É o que no Ocidente costuma se chamar de democracia participativa. O certo seria um comercial estrelado por, digamos, Ellen Roche, Luize Altenhofen, Tiazinha e Feiticeira. A trama nem precisaria ser muito elaborada. Aliás, é só mostrar qualquer um desses monumentos ao sexo selvagem e insano tomando uma cerveja Kaiser, que as vendas da empresa dobrariam em um mês.

Porém, o mais importante é que a Kaiser traiu a confiança do seu público. Apesar de o excesso de álcool produzir fenômenos quase inacreditáveis, confundir homem com mulher é coisa que pinguço profissional não faz de jeito nenhum. Claro que ética nunca foi o forte do pessoal que lida com a publicidade, mas a impressão que fica é que a cerveja(?) Kaiser tentou agradar as mulheres que bebem cerveja. Quanto aos homens que paguem a conta do bar e não reclamem.

Falando em publicidade, outro comercial bizarro tomou conta das televisões brasileiras. Nele, várias entidades de propaganda, alertavam aos empresários que era preciso divulgar o seu produto. Isto tudo aconteceu por que com a retração da economia (a crise grassa neste país) houve uma redução de 7% nos investimentos em publicidade. Com medo de perder as suas carreiras (sem trocadilho) os publicitários resolveram reagir.

O comercial valorizava a importância da marca. Por exemplo, uma consumidora chegava no supermercado para comprar presunto. O vendedor perguntava de qual marca. Tanto faz, qualquer uma, ela respondia. O encarregado do setor ardilosa e argutamente explicava: Tanto Faz ou Qualquer Uma, qual é a que a senhora vai levar?

Até aí tudo bem. Só que no final do comercial, o locutor pedia para o empresário investir mais em anúncios, pois sem isso o consumidor não tinha como saber se uma marca é melhor do que a outra. Epa! Epa! Como assim? Quer dizer que vai existir algum dia uma publicidade que diga: "Ei! Este meu produto não é o melhor, inclusive aconselho todo mundo a comprar do concorrente!!".

Se existe alguma coisa para o qual os comerciais NÃO servem é para alguém decidir se um produto é melhor do que o outro. O objetivo do jogo é induzir você a comprar coisas de que não precisa. Nada simpático, mas puramente verdadeiro. Propaganda é alma do negócio se você não for muito apegado a ela e não tiver restrições contra pactos com o demônio...

Da Equipe de Articulistas

Lembre-se: Se um deficiente auditivo, em uma mesa de bar, lhe oferecer um alfabeto de surdo-mudo a R$ 1,00 e você gritar pau-no-cu do surdo, então você é um pouco ZeroZen...