NÃO INTERESSA A NINGUÉM, MAS...

Losing Lena ou Losing o bom senso?

A primeira-dama da Internet mãe criou o padrão JPEG. Mas o mi-mi-milênios não estão satisfeitos e resolveram fazer uma campanha para mudar o passado. Parece confuso? Bem, é mesmo. Porém, esse é mais um dos motivos para pedir que um meteoro atinja duma vez esse planeta e acabe com esse festival de sandices.

Vamos a história propriamente dita. Os engenheiros da University of Southern California Signal and Image Processing Institute (SIPI) buscavam, no distante ano de 1973, uma imagem. A ideia era criar um modelo para testes em um estudo de processamento de imagens a cores em alta resolução. Até aí nada demais. Porém, sempre em nome da ciência, alguém trouxe uma edição da revista Playboy para o laboratório.

Depois de estudar a revista com afinco e dedicação, os pesquisadores perceberam que na edição de novembro de 1972 havia algo fascinante. Era o ensaio de uma jovem e carismática modelo sueca chamada Lena Söderberg. A foto central se mostrou perfeita para os testes. Os engenheiros notaram os aspectos técnicos de contraste, uso de cor e detalhes visuais, incluindo as diferentes texturas e o formato do rosto humano.

Para deixar tudo adequado ao ambiente de trabalho, eles cortaram a foto logo abaixo dos ombros da modelo. Ou seja, preservavam a beleza da jovem e conseguiam os dados que precisavam para criar uma espécie de padrão de testes dos algoritmos que fazem digitalização, compressão, modificação de formato de qualquer imagem em todo o mundo. Por isso, essa foto se transformou em uma mais famosas na indústria da tecnologia. A foto, inclusive, foi importante para o desenvolvimento do formato JPEG.

Os testes dos engenheiros da SIPI foram um sucesso. A fotografia de Lena foi distribuída para outros pesquisadores para que pudessem ser feitos novos testes. É a ciência compartilhando resultados. Aliás, a foto se espalhou tanto que a Playboy chegou a fazer reclamações de direitos autorais, mas acabou desistindo dos processos na justiça. Lena se tornou famosa no mundo da Ciência da Computação e compareceu em 1997 a uma convenção de pesquisadores para falar sobre o papel de sua foto nua na criação do JPEG.

Tudo parecia que iria terminar bem, mas surgiu a campanha "Losing Lena". Essa iniciativa terminou por se transformar em um documentário de 25 minutos de duração, que pode ser visto no Facebook Watch. Ele foi produzido pelo Code Like a Girl em parceria com a Creatable.

Segundo o documentário, existem poucas estudantes, engenheiras e programadoras. Mas aquelas que decidem optar por essa trilha do conhecimento humano se sentem desvalorizadas e desestimuladas. A foto em questão ajudaria a provocar questões de gênero e prejudicaria a diversidade e inclusão na tecnologia.

O problema é que Lena Söderberg hoje é uma simpática avó. Se aposentou da carreira de modelo e não tem qualquer arrependimento pelo ensaio. Só se mostra surpresa com a repercussão que a foto tomou. Ou seja, ninguém está incomodado com essa situação. É algo que está no passado. Tanto que, com a evolução da tecnologia, outras fotos foram usadas como referência.

<ironia>Daqui a pouco os mi-mi-milênios vão querer acabar com a nudez na revista Playboy. Realmente, seria o fim do mundo... </ironia>

Da Equipe de Articulistas

P.S.1 - A música Tom's Diner de Suzanne Vega foi o primeiro mp3 do mundo. Por que ninguém faz uma campanha Losing Suzanne?

P.S.2 - A ZeroZen no intuito de colaborar com o avanço da ciência, encontrou a foto original de Lena Söderberg. O link para acessar é:( https://www.reddit.com/r/oldschoolhot/comments/9x6hzw/lena_s%C3%B6derberg_1972/ ). É a nossa forma de protesto contra a campanha. Nesses tempos sombrios, é preciso fazer justiça com as próprias mãos...

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