NÃO INTERESSA A NINGUÉM, MAS...

O Caminho das Índias é para os ricos

A ZeroZen tenta manter o máximo de distância possível das novelas. Provavelmente é a coisa mais ofensiva à inteligência humana a ser exibida na televisão. Todavia, mais uma vez, o gênero conseguiu se superar. O último capítulo de "Caminho das Índias" foi realmente absurdo quebrando todos os limites do ridículo.

Em tempo, se você ficou em casa para assistir o final da novela, sabia que é um boçal, um pacóvio, um lorpa e um pascácio. Novela é coisa de gente velha. Se você tem 15 anos, mas acompanha uma trama repetitiva e banal durante todo o dia por mais de 200 capítulo é um velho. Simples assim.

A novela "Caminho das Índias" começou de maneira pífia e patética. A trama estreou em janeiro e, nos cinco primeiros meses, teve uma audiência inferior a 40 pontos. Em fevereiro, amargou média de 33,7. Seria o fim das novelas? Seria uma epifania da população brasileira que finalmente teria adquirido bom-senso? Nada disso.

A autora Gloria Perez desenvolveu tramas paralelas, como as ações da vilã Yvone (Letícia Sabatella). Para quem não viu a novela, Yvone era a psicopata camarada. Uma vilã assustadora que não matou ninguém e ainda apanhou de uma perua da alta sociedade. Depois desse fiasco deve ter sido expulsa do clube dos criminosos profissionais.

Outro fato que ajudou a alavancar a audiência foram as traições da Norminha (Dira Paes). A atriz - pasmem - chegou a receber um convite para posar para Playboy. Com essas iniciativas a novela decolou e ultrapassou a marca dos 40 pontos.

O último capítulo de Caminho das Índias foi exibido no dia 11 de setembro. Na reta final, a novela superou a casa dos 55 pontos. Esses índices que não eram obtidos desde "Paraíso Tropical", em setembro de 2007.

A trama da novela pode ser resumida da seguinte forma. Existia um sujeito pobre chamado Bahuan (Márcio Garcia). Entra uma dancinha indiana. Ele era um dalit, um intocável, um pária da Índia, um homem sem casta, uma simples poeira aos pés do deus Brahma". Ele era o herói da trama.

Bahuan se apaixona por Maya (Juliana Paes). Mais uma dancinha indiana. Eles fazem sexo antes do casamento e a mocinha fica grávida. Outra dancinha indiana. Por favor, existe algo mais clichê? De qualquer maneira, como toda mulher, Maya é prática e racional.

Ela rapidamente procura um pai para a criança. Nova dancinha indiana. O escolhido é o rico Raj (Rodrigo Lombardi), que não passa de um bundão. Ora, o que deveria acontecer depois de 200 capítulos? Simples o mocinho pobre fica rico e conquista sua amada. E dê-lhe dancinha indiana. Mas na Índia de cartão postal, retratada por Glória Perez, isso não funciona!

Sim, Bahuan ficou rico. Mas nada do amor de Maya. Ele perdeu tudo. Adivinhe: mais dancinha indiana. Como presente de consolação acabou a novela com Shivani (Thaila Ayala), que - diga-se - de passagem é da casta dos cheios da grana.

Raj, que supostamente teria morrido em um acidente de trem, ressurge do nada e aceita sua esposa traidora e ainda resolve criar o filho do seu maior inimigo! Hein? Como assim? Isso não faz o menor sentido. E, claro, para fechar com chave de ouro outra dancinha indiana.

Moral da história? Não importa o país pobre não tem vez. O Caminho das Índias foi feito para os ricos. E se você não tem dinheiro não vai conseguir tocar na Juliana Paes...

Da Equipe de Articulistas