NÃO INTERESSA A NINGUÉM, MAS...

O Vaticano e a Máquina de Lavar Roupa

O jornal do Vaticano, Osservatore Romano, decidiu realizar uma meiga homenagem as mulheres do todo o mundo. Para os articulstas deste imaculado periódico a máquina de lavar roupas é o verdadeiro símbolo da emancipação feminina no século XX! Sim, ela - a máquina - seria ainda mais importante do que a pílula anticoncepcional.

Parece piada? Algum truque de primeiro de abril para pegar os incautos religiosos? Ora, por favor... O pessoal do Vaticano não é conhecido pelo seu senso de humor. O Galileu Galilei que o diga....

Acredite quem quiser, Osservatore Romano escreveu um artigo entitulado "A máquina de lavar e a emancipação da mulher." A ideia do texto, pasmem, era fazer uma singela homenagem ao Dia Internacional da Mulher. "Coloque o sabão, feche a tampa e relaxe", afirma o jornal, citando o manual de utilização de um dos primeiros modelos de lavadora automática lançados no mercado.

E tem mais. "No século XX, o que teve mais influência na emancipação das mulheres ocidentais?", pergunta a jornalista Giulia Galeotti. "O debate segue aberto. Alguns dizem que foi a pílula, outros, a liberalização do aborto, ou mesmo trabalhar fora de casa. No entanto, outros vão mais longe: a máquina de lavar roupa", pondera astuciosamente Galeotti.

A matéria prossegue sempre nesse mesmo tom de louvação à máquina de lavar roupa. O Osservatore Romano conta, inclusive, a origem do eletrodoméstico, quando o teólogo alemão Jacob Christian Schaffern construiu um primeiro protótipo em 1797, e se refere à "mística sublime de poder trocar os lençóis duas vezes por semana ao invés de uma", frase atribuída à célebre feminista americana Betty Friedan.

"A princípio, as máquinas eram muito volumosas. Rapidamente, no entanto, a tecnologia criou modelos mais estáveis, leves e eficazes", criando "a imagem da superdona-de-casa, sorridente, maquiada e radiante entre os eletrodomésticos de sua casa", escreve o Osservatore.

Certo, certo. Existem várias maneiras de homenagear as mulheres, mas em matéria de sutileza o Osservatore Romano ainda tem muito o que aprender. Apesar de que - pelo tom de louvação do texto - a jornalista Giulia Galeotti deve ter uma máquina de lavar ultra-moderna.

De qualquer forma, a ZeroZen, sempre no intuito de ajudar a humanidade. Gostaria de dizer que existe um erro na matéria. A a máquina de lavar roupas não é o único símbolo da emancipação feminina. Sim, esqueceram de um equipamento muito especial: máquina de lavar louça! Some-se a isso uma empregada doméstica e finalmente teremos a "imagem da superdona-de-casa, sorridente, maquiada e radiante"...

Da Equipe de Articulistas