O Não-Fazer
Como vimos anteriormente para o loser toda a mudança será irremediavelmente para pior. Isso, obviamente, deixa poucas alternativas para o derrotado. Entre deixar tudo como está ou tentar algo novo. O loser precisa escolher sempre a primeira.
O não-fazer parece a escolha mais fácil, mas o loser precisará uma longa lista de derrotas para aprender esse macete. É comum o loser apostar numa mudança de última hora, apenas para quebrar a cara mais uma vez. Pois o não-fazer é uma arte que precisa ser aprendida e dominada intrinsecamente.
O primeiro passo para se ter essa percepção é ter paciência. É preciso alcançar um estado de resignação e apatia que deve beirar a transcendência. Afinal se você não vai fazer nada terá muito tempo livre. E o ócio é cenário fértil para se pensar em planos mirabolantes e estratagemas furados, que não trarão maiores problemas desde que não sejam levados a diante.
Os menos esclarecidos poderão ver nessa opção um exemplo de desidiosidade. Mas isso não é totalmente verdadeiro. O loser na maioria das vezes não é uma criatura preguiçosa, apenas seus esforços é que são inócuos. Existe uma diferença.
O não-fazer é equivalente à retranca no futebol. É como se o loser fosse um time que nunca tomasse a iniciativa de atacar e ficasse sempre na defensiva. Parecido, digamos, como um time dirigido pelo Celso Roth.
O loser precisa conter seus instintos mais destrutivos e ficar na espreita. Do quê exatamente o derrotado nem imagina. Mas essa espera é, no final das contas, melhor do que a idéia de tomar uma atitude ou tentar mudar algo... O que se constitui numa pequena e solitária vitória.
Lembre-se sempre das frases de conforto e solidariedade que devem acompanhar um loser em sua existência:
Você não faz as probabilidades.
O pior ainda está por vir.
As coisas pioram.
Aprenda a perder. Você vai precisar.
Escolha, portanto, a derrota.
E um conselho final: a melhor auto-ajuda ainda é a masturbação.