Freaks & Losers

As vezes não basta ser loser, é preciso ser freak. Ou seja é preciso ser um loser diferente dos outros. Pintar seu cabelo de roxo purpura, colocar um piercing no nariz talvez faça maravilhas pela sua auto-estima ( é o que eles dizem). Mas não isentará ninguém de ser um loser. Na verdade isso só tornará as coisas mais fáceis. Como resultado, ao menos, você terá alcançado um novo patamar entre as criaturas: candidato a freak show.

O freak é uma aberração, um ser contraditório, um loser com verniz de civilização que serve para distingui-lo dos demais. Mas por isso mesmo não é um grupo de estudo fácil, pois está sempre se metamorfoseando numa nova forma bizarra de auto-afirmação e humilhação pública. Muitos até hoje não foram sequer catalogados pelo homem.

Uma das características mais comuns do freak é que ele costuma andar em pequenos bandos, ao invés da tendência de isolamento do loser. Supõe-se que freak precise do convívio de outros iguais para ter uma pequena sensação de normalidade. Apesar de sempre buscar ser diferente de alguma maneira, o freak, como todo bom loser precisa desesperadamente de aprovação e apoio. Basicamente ele procura no outro algo que não lhe deixe fazer o papel de palhaço sozinho.

Enquanto o loser quer pertencer a maioria, o freak quer ser a minoria. Por isso os freaks possuem um grau de aversão bem maior do que os losers, e são meramente tolerados no convívio social. Assim outro motivo óbvio para andar em pequenos grupos é a segurança. Se o loser faz tudo para desaparecer na multidão, o freak pelo contrário quer realçar o contraste entre as criaturas. Ele jura que faz isso naturalmente, que não é uma forçação de barra. Mas contraditoriamente costuma mostrar irritação quando suas diferenças ficam em evidência. E uma vez acuado o freak costuma agir com violência. O que em geral não adianta muita coisa. Visto que estão quase sempre em menor número.

Apesar de todas as diferenças o freak não tem como esconder sua verdadeira origem, afinal é uma criatura como outra qualquer. Logo, um loser por natureza. Não importa o tempo que o freak passe no espelho tentando se convencer do contrário. Afinal a toda criatura é o peixe que ela vende. Consequentemente o freak também está a mercê da natural inaptidão do gênero para a vida em qualquer de suas instancias. Sendo que a inadequação para o freak não é um tormento, mas sim um objetivo a ser buscado. O que o torna, invariavelmente, um ser de difícil convívio e vida social restrita.

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(Continua na próxima edição)