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O poder de negar o óbvio (Trump Edition)

O loser vai perder. Todos os indícios, todas as evidências apontam isso. É o óbvio ululante de que falava Nelson Rodrigues. Então o que o perdedor faz? Simplesmente não admite a derrota, coloca culpa no sistema, em alguma maldição criada por uma entidade maligna que coleciona garrafinhas de água mineral. Em resumo, não é o loser que fracassa, é a vida que trapaceia.

O derrotado tem como opção aceitar a derrota. Mas isso é um problema. Por que ao fazer isso indica claramente que ele perdeu. Então, uma maneira de tentar impedir a sua desgraça é negar o óbvio. Não é uma tarefa fácil. Mas com um pouco de prática, essa ação se torna natural.

Por exemplo, o loser sabe as regras do jogo. Sabe como tudo funciona. Só que isso simplesmente não importa. Se o seu partido fez as regras após anos e anos de convenções, debates e reuniões. E daí? O loser não estava lá. Então não isso não lhe diz respeito.

É quase como se o loser herdasse o apartamento da família, mas resolvesse morar em outra cidade. Claro que ele teria que continuar pagando o condomínio. Mas o derrotado pensa: "Por que eu faria isso? Não estou morando lá". Esse é o grande poder de negar o óbvio. Evidentemente, isso vai levar a um processo na justiça e a uma dívida brutal. Ou seja, mais um dia comum na vida de um loser...

E no caso dessa edição especial, o loser em tela é um negacionista de primeira categoria. Nega o aquecimento global, nega a crise econômica, nega a existência do Covid-19... Enfim, é tanta negação que se ele nega a pagar impostos...

Lembre-se sempre daquelas frases de conforto e solidariedade que devem acompanhar um loser em sua existência:

Você não faz as probabilidades.

O pior ainda está por vir.

As coisas pioram.

Aprenda a perder. Você vai precisar.

Desistir ou não desistir? O importante é não tentar.

E um conselho final: a melhor auto-ajuda ainda é a masturbação.