Ghost of Tsushima

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Ghost of Tsushima, desenvolvido pela Sucker Punch Productions, é o terceiro jogo ocidental a receber nota 10 na revista Famitsu. É um feito raro. Será que a antiga produtora de Infamous realmente conseguiu algo tão incrível assim? Spoiler para quem tem pressa e não gosta de ler textão: não.

Ghost of Tsushima é, em essência, um hack slash japonês pretensioso. O que é um pleonasmo. Se você é um mi-mi-milênio corra para o Google. Diga-se de passagem, esse é um tipo de jogo que foi tentado fazer algumas vezes antes para o PS3, mas o console, simplesmente, não tinha memória suficiente para isso. Pensando bem nem a ZeroZen...

Porém, Ghost of Tsushima está longe de ser um jogo ruim. O estranho é que o game é dividido em três atos. O primeiro é basicamente para mostrar as mecânicas do jogo. São quase 20 horas de histórias no máximo razoáveis no que parece ser um mundo aberto à moda Ubisoft - e isso não é um elogio - só que com um filtro de Instagram aplicado. Porém, a partir do ato 2 tudo muda. Até parece que o roteiro passou a ser escrito por outras pessoas. A trama cresce, os personagens evoluem e tudo termina em um confronto épico digno de filme de samurai.

A trama começa com uma invasão mongol à ilha de Tsushima no distante ano de 1247. O protagonista Jin Sakai, um samurai de família nobre, viu sua terra natal ser invadida. O exército mongol é o responsável pelo ataque. Eles são liderados por Khotun Khan, apresentado no jogo como neto de Genghis Khan. A tropa samurai comandada por seu tio, Lorde Shimura, parte para o ataque de forma heroica e se dá mal. É dizimada pelos mongóis, que estão se lixando para código de ética na hora da luta. Jin escapa da morte por muito pouco. Ele é salvo por Yuna, uma ladra.

Yuna cura seus ferimentos e explica que é sempre melhor escapar fedendo do que morrer cheiroso. Jin descobre que seu tio está vivo, mas é refém do líder mongol. Khotun tomou posse de uma grande fortaleza ao norte e planeja ir expandindo seu domínio por toda a ilha. Então cabe a Jin resgatar Lorde Shimura e começar a retomada de Tsushima.

Só que isso não é tão simples. Principalmente, se o protagonista seguir a risca o código dos samurais. Basicamente, no começo do jogo Jin não tem tantos recursos à disposição. Então, se livrar da maioria dos inimigos no modo furtivo é quase uma obrigação. Além disso, ele precisa conquistar aliados como a senhora Masako ou o sensei Ishikawa.

Cada um desses possíveis aliados gera uma série de contos, que são as missões do jogo. Falar com o sensei Ishikawa é uma obrigação. Ele vai dar um arco e flecha para Jin. E, pasmem, essa é a arma mais interessante no começo do game. Esqueça as espadas por um tempo. Invista no arco e o ataque a qualquer acampamento de mongóis vai ficar mais fácil. Elimine a maior parte das ameaças com o arco e depois use a Katana para derrotar os sobreviventes.

Mesmo as armas fantasmas não são um grande investimento no começo do jogo. Mas quando aparecer a bomba aderente não poupe recursos para aprimorá-la ao máximo. Também existem contos míticos. Eles dão acesso aos movimentos especiais do jogo. O mais importante é o golpe celestial. Isso vai facilitar muito os combates.

Falando em combate, ele se baseia em posturas. Ou seja, Jin precisa variar a sua técnica conforme o inimigo. Depois de quebrar a guarda do adversário, é hora de partir para o ataque. O problema é que isso é feito usando uma combinação escrota. Por exemplo, R2 + X para os espadachins ou R2 + Triângulo para os lanceiros. No final das contas, é esforço demais decorar esse tipo de coisa. Por sorte, as armas fantasmas também são úteis para quebrar a guarda dos mongóis.

Aliás, Ghost of Tsushima tem uma outra modalidade curiosa de combate: o confronto. É possível desafiar os oponentes de forma honrosa. Jin chama para briga, eles se aproximam e basta o jogador soltar o botão triângulo no tempo certo para despachar o inimigo com um golpe só. Mais para frente, Jin será capaz de derrotar até cinco mongóis em sequência. Em tempo, se chegar na frente de um acampamento e chamar todo mundo para um confronto... Boa sorte. Por que isso vai alertar a tropa inteira.

Como qualquer jogo de mundo aberto, Ghost of Tsushima possui uma série de atividades paralelas. Há os santuários torii, que necessitam que os jogadores passem por desafios de escaladas para ganhar recompensas. Em tempo, cada um deles oferece um amuleto. O melhor é o amuleto de Inari. Ele amplia consideravelmente a quantidade de recursos coletados. Acredite: você vai precisar. Por que o processo para melhorar as armas é demorado. Esse é talvez um dos maiores problemas do jogo. Leva um tempo enorme para poder jogar com todos os recursos. Leva um tempo enorme para poder lutar como um samurai.

Existem também os desafios do bambu. Isso serve para elevar a barra de determinação. Basicamente, o jogador clica nos botões em uma sequência determinada em uma velocidade proibitiva para seres humanos. Também é interessante localizar as fontes termais, pois isso aumenta a vida do protagonista. Inclusive, existe a possibilidade compor Haikus. Sim, samurais também gostam de poesia! Isso sem falar nas tocas de raposa ou pilares de honra que concedem itens cosméticos.

Para quem gosta de colecionáveis, o game proporciona uma série enorme de armaduras. Todas elas podem ser aprimoradas com o uso de suprimentos. Existem bandanas e chapéus espalhados por toda ilha. Dá para fazer um cosplay de samurai e sair no carnaval do Japão. Isso se, é claro, tivesse carnaval no país do sol nascente.

No final das contas o que realmente se sobressai em Ghost of Tsushima é a direção de arte. Todos os cenários são realmente impressionantes. Até mesmo acampamentos militares parecem ser construídos por um arquiteto com sonhos de grandeza. São bonitos, mas não fazem o menor sentido em termos militares. Aliás, a inteligência artificial dos inimigos não é lá essas coisas. Basicamente, depois de um tempo, o jogador morre quando acaba cercado por vários mongóis ao mesmo tempo.

A história do protagonista é relativamente simples. Não há muitas surpresas. Porém, a partir do segundo ato, quando surgem as consequências da guerra, Ghost of Tsushima se destaca. Não é um jogo nota 10. Longe disso. Mas foi capaz de criar um mundo aberto que dá vontade de explorar. O que não é pouca coisa hoje em dia.

J. Tavares

P.S. - Os outros dois jogos ocidentais a receber nota máxima na Famitsu foram: The Elder Scrolls V: Skyrim e Grand Theft Auto V...

Prós - melhor direção de arte em um game de PS4.
Contra - primeiro ato destoa do restante da história.

DLC - Ilha de Iki

Em tese, no meio da libertação de Tsushima, Jin Sakai decide fazer uma visita até a Ilha Iki. Basicamente, no Ato 2 na campanha principal em Tsushima, explore a região de Toyotama e faça a quest “Jornada ao Passado”. Derrote os mongóis na praia e converse com as pessoas da aldeia. Pronto. É hora de ir para a Ilha Iki. O problema é que no local o sobrenome Sakai é visto desprezo e ódio. E nessa hora o jogador vai descobrir mais sobre o passado da família do protagonista. De fato, a Ilha Iki é um território tomado por corsários e os samurais não estão na lista das pessoas mais admiradas do ano. Existe uma antagonista interessante, uma mulher misteriosa, conhecida como Águia. A personagem até poderia render mais que somente um DLC. Enfim, dá para terminar em umas 10 horas. No geral, é mais do mesmo. E isso não é necessariamente ruim.