The Sims 3

Apesar de The Sims 2 ser o jogo eletrônico mais vendido de todos os tempos, muitos fãs do primeiro The Sims, sim, eles existem, consideraram a jogabilidade do segundo muito exagerada: você podia casar pela manhã, divorciar-se ao meio-dia e morrer no dia seguinte.

Convenhamos, para criaturas sem vida própria, isso era muito rápido. Afinal, quem joga The Sims quer algo para matar o tempo. E não para lembrá-lo, constantemente, que a vida é curta e que é preciso aproveitá-la a qualquer custo.

A conclusão de muitos fã da série foi que a EA resolvera arrefecer os elementos de 'sandbox' do jogo para torná-lo ainda mais acessível. Como se isso fosse realmente necessário.

Mas ninguém pode dizer que a estratégia não deu certo: The Sims 2 foi um sucesso sem precedentes e a minoria rabugenta teve que se calar resignada.

Agora, para essas criaturas uma má notícia: The Sims 3 não modifica isso. Na verdade, em muitos casos, acelera esse processo ainda mais. Tornando a vida desregrada do seu 'SIM' muito mais caótica.

Primeiro é importante que se diga que The Sims 3, não é um jogo qualquer: teve lançamento mundial, inclusive no Brasil, com direito a propaganda na televisão... OK, MTV. Mas o quão raro é uma produtora fazer um anuncio de televisão para promover um jogo eletrônico no Brasil?

Em outras palavras, a industria de entretenimento, abalada pela crise financeira mundial, e, em particular, a Electronic Arts, precisava do sucesso de The Sims 3. E tudo indica que o jogo não fez feio. Os primeiros números divulgados pela E.A. mostram vendas recordes, superiores as do lançamento de GTA IV.

Mas The Sims 3 vale o investimento? Apresenta reais novidades na jogabilidade da série? Em poucas palavras: não. Entrando em detalhes: é praticamente igual a The Sims 2, mesmo descontando algumas modificações estéticas e uma ou outra novidade pouco promissora. Em suma: The Sims que está ganhando não se mexe.

Outra vez um SIM é, essencialmente, uma espécie de tamagoshi virtual que quer ter todos seus desejos cumpridos. O que é do ponto de vista de quem comprou um computador de última geração para ficar cumprindo ordens de uma inteligência artificial não muito brilhante, no mínimo deprimente.

Ao criar um SIM você determina metas básicas para sua vida, que vão se somando à trivialidades como o desejo de pedir uma pizza ou conversar com outro SIM. Ao menos, ao contrário do jogo anterior, eles não ficam mais deprimidos tão facilmente, ao terem seus sonhos frustrados. O que é uma grande melhoria na jogabilidade da série.

Mas a maior mudança do jogo é que agora seu SIM não está mais limitado a sua vizinhança, ou divide o cenário em partes: como centro e subúrbio. Disponibiliza desde o início uma cidade inteira para você explorar, sendo que usuários registrados na comunidade Online do jogo tem uma segunda cidade para download gratuito.

Claro, você só pode explorar a cidade nas horas de folga, pois como sempre vai passar a maioria dos dias no trabalho, vivendo sua vidinha de peão, ou treinando habilidades para, adivinha, conseguir uma promoção no emprego.

Na cidade o SIM pode fazer compras, ir ao cinema, assistir partidas de futebol ou ter aulas sobre diversos assuntos. Atividades que, infelizmente, são tratadas como trabalho: você não participa, o jogador fica como um cachorro sem dono esperando na porta pelo seu SIM.

Já a customização, um dos grandes atrativos da série, à primeira vista, está bem mais restrita do que da versão anterior. Existem poucas roupas, eletrodomésticos e bugigangas para escolha. Isso talvez faça parte da estratégia da E.A. forçar a 'comunidade' de usuários registrados do jogo a criarem seus próprios itens. Isso possivelmente será compensado depois, com os inevitáveis pacotes de expansão ou com o conteúdo exclusivo para download que a E.A. está prometendo ainda para esse ano.

Outra mudança é que agora seu SIM faz aniversários. Mas a passagem de tempo do jogo é brutal: de criança o SIM passa para adolescente, depois para 'adolescente adulto', finalmente adulto, daí para terceira idade e o passo seguinte é a morte.

Ao invés de viver vários anos em cada etapa de sua vida, o SIM faz apenas um aniversário como, por exemplo, adulto e no dia seguinte já está velho. O que é um absurdo. Sendo que um SIM 'adulto' não se parece em nada com um adulto, mas sim com alguém de uns vinte e poucos anos. O que torna sua passagem para terceira idade ainda mais radical. Mesmo sendo possível prolongar nas configurações do jogo a existência do seu SIM, ele possui um limite de 360 dias para cada etapa de sua vida. E querendo ou não seu SIM vai morrer.

Na parte técnica o jogo não apresenta grandes mudanças. O pessoal da Electronics Arts conhece seu público alvo e resolveu não pesar a mão no processador ou na placa 3D. Desta forma o jogo é capaz de rodar em praticamente qualquer configuração.

Enfim o original The Sims era um jogo lento e metódico, já sua continuação era mais ágil, perniciosa e às vezes amoral. Suas subseqüentes expansões foram diluindo a fórmula ao ponto de chegarmos nessa edição inócua, que não apresenta nada de novo e serve, quando muito, de caça-níqueis para uma indústria combalida pela crise financeira. Para os iniciados é hora de abrir a carteira, o resto da humanidade pode continuar vivendo suas vidinhas mundanas e patéticas longe do computador...

Saulo Gomes

P.S.: Quando vão lançar uma versão do jogo passada num ambiente de trabalho? Algo como The Sims: The Office?

Prós: Toda emoção, drama e intriga da franquia mais bem-sucedida dos jogos eletrônicos...
Contra: Zzz... Se você quer algo para matar tempo, e outras coisas mais, aprenda a beber...

Requisitos Mínimos:
Windows XP ou Vista;
Memória: 1 GB RAM XP, 2 GB RAM Vista;
Placa de vídeo de 128 MB compatível com DirectX 9.0c.

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