Saints Row 2022

O sucesso de Grand Thef Auto no PS2 gerou muitas franquias paralelas, que tentavam imitar ou copiar o game da Rockstar. Com resultados quando muito pífios. Vide o caso Saints Row. Logo, Saints Row para o PS4 seria um reboot, desnecessário, que ninguém queria ou pediu. Resultado? Levou o “estúdio” à falência. No mínimo merecida.

Como fazer isso? Primeiro: vamos atualizar a história! Nada de rap quem ainda ouve isso? Agora substitua o rap pelo lixo eletrônico ouvido pelos millennials, hoje em dia. E temos uma mudança na ambientação do jogo. Não que faça mesmo muita diferença. Mas é uma mudança. Não obstante, desnecessária como esse jogo.

A criminalidade de bijuteria continua intacta. É tudo muito exagerado ou rasteiro. Não existe meio-termo. A trama se passa em Santo Ileso. Bem, é uma cidade enorme. Com a clara inspiração na região sul da Califórnia, nos Estados Unidos, ela tem desertos, lagos, cassinos e bares. É uma mistura de Los Angeles, San Diego, San Francisco e Las Vegas… Enfim, reúne a escória da espécie humana. Mas, no geral, é um lugar vazio. Na maioria das vezes o jogador vai dirigir o seu carro por um longo tempo, do ponto A ao ponto B, sem nada interessante acontecendo no caminho.

Santo Ileso é um lugar dominado por gangues. Como a Los Panteros, com seus carros e armas tunadas. Ou então os Idols, toda hi-tech com uma pegada anarquista. Por fim, ainda existe a Marshall, força militar usada para a segurança da área. No meio de tudo está o personagem principal. Ele é totalmente customizável. Para quem gosta de perder tempo com esse cosplay de Excel, a ferramenta usada para a personalização é bem feita. Dá para mudar características físicas, roupas e até acessórios. Aliás, se o jogo terminasse aí talvez valesse alguma coisa.

O seu protagonista (ou sua protagonista) trabalha pra Marshall e tem um amigo em cada gangue: Neenah, motorista dos Panteros, e Kevin, DJ dos Idols. Também existe Eli, o parceiro nerd da galera. Atenção! Talvez essa seja a melhor representação da geração mi-mi-milênio. Gente que pensa que assaltar um banco é a melhor maneira de pagar o aluguel. Aliás, mesmo roubando uma fortuna de um banco eles ainda não conseguem pagar as contas! Santo Ileso pelo visto está com problema de hiperinflação...

É preciso ressaltar um ponto em Saints Row. Possivelmente, esses são os companheiros mais imbecis, mais ridículos, mais patéticos que o jogador vai encontrar em um game. São pessoas desprezíveis. Os diálogos são constrangedores. Simplesmente não tente conversar com essa gente. É o ápice da babaquice. Aliás, em pouco tempo fica claro que você é o único que se esforça para pagar as contas. Isso é que dá dividir um apartamento com verdadeiros parasitas.

Mais para frente no game, depois de uma série de eventos, o grupo vai se unir para formar: os Saints. E não pense que vai ser preciso muito tempo pra isso acontecer. A história principal dura por volta de 18 horas. Mas não há muita diversão. As missões paralelas são repetitivas. As missões principais também. Basicamente, em pouco tempo, o jogador vai conseguir um fluxo constante de dinheiro. Tudo isso para comprar mais roupas e upgrades. Em tempo, apesar de ser de uma gangue temida, o jogador não rouba os colecionáveis do jogo. Ele tira fotos e depois imprime em uma impressora 3D. É realmente o pináculo da estultice!!

A verdade é que a nostalgia de Saints Row meio que não se justifica. Quando a franquia surgiu, no início dos anos 2000, era um jogo de mundo aberto copiando GTA. Na época, o objetivo era levar a sua gangue (os Saints) ao topo e dominar a cidade. Não era brilhante, mas fez sucesso. Tanto que o primeiro título da série vendeu mais de 2 milhões de cópias.

Porém, com o tempo, a série tentou fugir da acusação de ser um clone de GTA. Como ela fez isso? Abraçando a loucura. Em Saints Row The Third, por exemplo, a saga passou a apostar na comédia sendo totalmente descompromissada da realidade. Duvida? Em Saints Row IV, o jogador (The Boss) faz o papel do presidente dos Estados Unidos e é responsável por defender sua nação e o mundo de uma invasão alienígena! Saints Row: Gat Out of Hell, de 2015, se passava no inferno!

Esses games não eram necessariamente eram brilhantes. Mas deixavam claro que Saints Row era algo diferente de GTA. Só que a Volition acreditou que o politicamente correto e mi-mi-milênios vendem games. O resultado, é claro, foi um fracasso monumental. Basicamente, o game é um exercício de monotonia, tédio, raiva e frustração.

Como se não fosse suficiente, o game é absurdamente bugado. Ele tem erros que simplesmente impedem a progressão do jogador. Por exemplo, logo no começo existe uma missão chamada "Observando e relatando". Ela termina em uma perseguição de carros no meio de um tiroteio. A série Uncharted já fez isso antes e melhor. De qualquer forma, é preciso atirar em todos os carros que aparecem no caminho.

Ate aí, tudo bem. Só que a missão tem um tempo. Ou seja, é preciso destruir um determinado número de carros, inclusive o chefão, antes de um ponto, caso contrário a missão fracassa. A ZeroZen tentou várias vezes e foi miseravelmente derrotada. Então foi para a internet ver a solução. Bem, a missão está mesmo bugada. O truque é simplesmente reduzir a dificuldade do jogo para a versão turista (a mais fácil) e pronto. Somente assim é possível seguir em frente. Isso é completamente ridículo.

Outra opção maluca em Saints Row é inserir temas como preservação ambiental e respeito para a comunidade LGBT+ em um jogo onde o personagem principal é um psicopata altamente funcional, um maníaco homicida que deixa pilhas de cadáveres pelo caminho. Ou seja, não faz sentido. É um desejo de ser politicamente correto em uma série que não foi feita para isso. Novamente, tudo isso é defendido com uma série de diálogos infames, escalafobéticos e deprimentes.

O combate é apenas razoável. Agora quem teve a brilhante ideia de recuperar vida em combate corpo a corpo? Isso não faz sentido algum. Basicamente, você vai derrotar todos os inimigos - inclusive o chefão final - atirando sem parar. Aliás, o jogo quer que você se importe com os seus "amigos", quer que você perca seu tempo para salvar esse tipo de gente. O problema é que é tudo tão mal-feito que você quer ajudar o vilão a se livrar dessa escumalha!

Apesar de tudo isso, a ZeroZen vai parabenizar a Volition. Ao fazer um jogo tão ruim, enterrou de vez a franquia e ainda faliu. Quer dizer, reduziu consideravelmente a possibilidade do mundo ver outra aberração desse nível. Um problema a menos para a gente se preocupar...

J. Tavares

P.S. - O game tem um final secreto. Depois de criar um império criminoso e arrecadar 8 milhões em dinheiro - acredite isso não é necessariamente fácil - você constrói um arranha-céu. E finalmente tem direito a ver uma cena no qual os personagens passam dois excruciantes minutos cantando em um karaokê. Poucas coisas conseguiram ser tão constrangedoras no mundo dos videogames...

Prós - É um clone de GTA.
Contras - Bugs calamitosos que impedem a progressão no game, física dos carros, sidequests obrigatórios, roteiro que é uma verdadeira ofensa a humanidade.