Medal of Honor: Airborne

O jogo Medal of Honor estabeleceu, no final dos anos 90, o padrão dos games em primeira pessoa passados na Segunda Guerra Mundial. Mas depois do fiasco de Pacific Assault de 2003, considerado um dos piores games de todos os tempos segundo a Wikipedia, e a rápida ascensão da série Call of Duty. Medal of Honor foi ficando para trás e perdendo relevância. Medal of Honor Airborne não mudará muito esse quadro, na verdade, em alguns momentos, até piora as coisas.

Em Airborne você é Boyd Travers, soldado raso da primeira classe da 82ª divisão de pára-quedistas ou algo parecido. Como em outros jogos da série tudo é responsabilidade sua: explodir um tanque? Chama o Travers. Sabotar uma antena de rádio? Chama o Travers. Em suma o otário designado da vez. Você começa cada fase caindo, literalmente, de pára-quedas no campo de batalha e estranhamente pode fazer o seu caminho como bem entender a partir daí. O que seria interessante não fosse pelo sistema de salvamento do game.

Airborne tenta embarcar na fórmula mágica de 'checkpoints' da série Call of Duty. Mas o pessoal da Electronic Arts Los Angeles (EALA) se saiu com um sistema no mínimo bisonho. Como em Call of Duty os inimigos continuam sendo desovados infinitamente até que você alcance um checkpoint. A diferença está no sistema de salvamento do jogo. Ao contrário de salvar o game a cada checkpoint, isso só acontece muito ocasionalmente em Airborne, às vezes apenas uma vez por fase. Assim concluir um objetivo não significa que o seu jogo foi salvo. Mesmo que você tenha recebido a mensagem "Checkpoint Reached" na tela. O que é no mínimo frustrante. Sem falar que se o jogador morrer nesse meio tempo, vai ter que refazer tudo de novo a partir do pouso de pára-quedas no início da fase.

E o pior: não importa o quão longe você tenha ido, todos os inimigos que você matou estarão lá de volta. Os inimigos se materializam do nada, alguns na sua frente. O que torna a jogabilidade um verdadeiro exercício de tentativa e erro, capaz de vencer a paciência de qualquer um. Convenhamos essa deve ser uma das piores maneiras de se reiniciar um jogo de tiro em primeira pessoa. Só mesmo usuários de consoles para tolerar uma estultice dessas.

Outra conseqüência bizarra do sistema único de salvamento de fases é que não há a possibilidade de duas pessoas jogarem no mesmo computador sem apagar os checkpoints um do outro. O profile é único, logo se sua namorada, digo irmão quiser jogar vai precisar arranjar outro computador.

Quanto aos gráficos o jogo consegue sair ileso. Afinal o péssimo engine 3D foi um dos responsáveis pelo fracasso de Pacific Assault. Ao menos nessa área Airborne se destaca. E não é para menos, afinal Airborne usa o engine gráfico do Unreal Tournament 3. Desta forma os gráficos impressionam, apesar de às vezes o jogo ser um pouco escuro demais, ao ponto de ficar difícil de distinguir entre nazistas e aliados. Vale notar que Airborne só suporta placas de vídeo que possuírem shaders 3.0, baseadas no DirectX 9.0c em diante. Apesar de, ironicamente, UT3 possuir suporte para placas mais antigas.

Airborne também faz bom uso da tecnologia Unreal no que diz respeito aos jogos de multiplayer, que permite até 12 pessoas jogarem online ao mesmo tempo. No geral o modo multiplayer é competente, mas se comparado com a concorrência tem poucas chances de se sobressair, principalmente num mercado saturado de jogos do gênero.

Uma coisa não muda: a série Medal of Honor continua sendo patriota ao extremo, ao ponto de praticamente eliminar a presença de todo o bloco aliado. Para se concentrar apenas nos feitos heróicos dos americanos. Tão heróicos que você precisa repeti-los várias vezes por causa do sistema de checkpoints. Pois se houvesse a opção de salvar o jogo em qualquer lugar ou, ao menos, mais checkpoints, esse game poderia ser terminado em menos de 4 horas.

Do jeito que está o modo single player se leva dobro, mas só por causa da quantidade de vezes que você terá que refazer a mesma seqüência. Sem falar que os desenvolvedores estão realmente forçando a barra em matéria de novos inimigos com o tal de "Nazi storm elite", que só ficaria bem num jogo como Return to Castle Wolfenstein e olhe lá...

No final das contas, Airborne só prova que a tal nova-geração continua devendo. A Electronic Arts Los Angeles ao tentar tornar o jogo mais amigável ao mundinho fechado dos consoles pode ter afundado a série Medal of Honor de vez. O quê, depois de Pacific Assault, é convenhamos um feito.

Prós: Tipo deve ser o último exemplar da série...
Contra: Sistema de checkpoints. Péssima detecção de tiros. Apesar de tudo single player ainda é curto.

Saulo Gomes

Requisitos Mínimos:
3.0 GHz
1 GB RAM XP, 2 GB RAM Vista
Placa de vídeo de 256 MB compatível com DirectX 9.0c