Max Payne
"A sorte é
mesmo uma piranha e eu não tinha dinheiro para comprá-la."
Max Payne em um dos seus momentos de inspiração
Max Payne é um daqueles raros games para PC que consegue sobreviver ao hype criado em torno do seu lançamento. Um dos grandes sucessos da E3 (Electronic Entertainment Expo)³ de 2001 e objeto de inúmeras especulações e prévias tresloucadas, Max Payne chega finalmente as melhores lojas do país com o status de um dos melhores games de ação em terceira pessoa de todos os tempos, e certamente um dos melhores lançamentos do ano.
Desenvolvido pela obscura Remedy, que antes produzira apenas, ora vejam só, o lendário Death Rally lá pelos idos de 1996, em parceria com a 3D Realms - sim, 'aquela' 3D Realms da série Duken Nuken- , Max Payne teve seu lançamento no Brasil atrasado por causa da tradução do game para língua pátria e quase não ficou pronto para o Natal. O que seria uma grande falha da Greenleaf, distribuidora nacional do jogo. Mas mesmo lançado aos 48 minutos do segundo tempo, o esforço da tradução completa do game é recompensado com um produto final de excelente qualidade e totalmente em português.
O game narra, numa espécie de flashback, a história de Max Payne, um policial de Nova York que teve esposa e bebe recém-nascido assassinados num episódio macabro acontecido três anos antes da ação do jogo. Depois dessa tragédia Max foi trabalhar para o DEA, departamento anti-drogas americano, onde passou a operar disfarçado coletando informações sobre a máfia. Corte rápido para os dias de hoje e Max se encontra num beco sem saída: foi desmascarado pelos mafiosos e traído por seus companheiros de polícia. A coisa não está fácil para Max... E daí para frente só fica pior.
É certo que essa história batida de vingança vai servir apenas como fio condutor para uma mortandade sem limites e fundamento, que no final revelará um conspiração ainda mais absurda. Mas isso no fundo pouco importa. Depois dos 21 capítulos, divididos em três partes, de Max Payne, o que você menos vai estar preocupado é se o enredo fez ou não algum sentido. Inclusive é bem possível que no final você não tenha entendido a trama do jogo completamente. Mas isso pouco importa diante da ação envolvente e única do game. Isso fica claro ao se utilizar as duas grandes inovações em termos de jogabilidade presentes em Max Payne: o tempo de bala (bullet time) e o desvio de tiro. No primeiro a ação do jogo passa a ser em câmera lenta, e o tempo passa a ser marcado por uma ampulheta. Já no desvio de tiro você pode ver as balas dos inimigos como nos filmes de ação do diretor John Woo. Usados em combinação esses dois efeitos são os grandes destaques do jogo.
Max Payne também faz questão de quebrar alguns clichês dos jogos do gênero: nosso anti-herói, por exemplo, não usa colete à prova de balas e os analgésicos- remedinhos que ele toma para recuperar a saúde- levam um bom tempo para fazer realmente feito. Logo não conte muito com eles para salvá-lo numa situação de risco imediato. Além disso Max não é necessariamente um dos heróis mais espertos já surgidos nos games. Ele é perde todas suas armas pelo menos duas vezes durante o jogo. Sem falar que é drogado, espancado e parece incapaz de diferenciar uma emboscada de um pote de mel.
Além disso Max Payne é desses raros jogos em que os bandidos levam mais tempo para morrer que os mocinhos. Um tiro bem dado e Max vira história. E isso acontece com freqüência. O que torna a experiência de jogar Max Payne um misto constante de tentativa e erro. Ou melhor, tentativa e morte. De qualquer forma a inteligência artificial do inimigos não é nada especial. Na verdade segue o usual complexo de 'Campo dos Sonhos', do tipo: "se você chamá-los eles virão".
Aqui e ali se podem ver ecos de Half-Life na estrutura das fases e no design de certos níveis. Por outro lado a ação sempre se passa em ambientes fechados, limitando ao máximo a exploração dos cenários. Nas raras vezes que Max pode se aventurar ao ar livre, sempre existe uma barreira policial (estranhamente sem nenhum policial para contar a história) ou algo no gênero para limitar seus movimentos. Uma coisa que parece meio deslocada é o uso de quadrinhos no estilo de uma "Graphic Novel" para a narração de alguns momentos da trama. Não deixa de ser uma escolha estranha, já que o game é rico em cut-scenes que poderiam fazer o trabalho com maior propriedade. Além disso tanto as cut-scenes quanto os interlúdios gráficos acabam, depois de um tempo, interferindo na ação do jogo e irritando o jogador. Principalmente se você ficar preso em alguma fase, o que acontece com certa frequência.
Depois de terminar Max Payne uma vez você libera os níveis de dificuldade "Durão" e "Num Piscar de Olhos" , que gradativamente aumentam a dificuldade do jogo limitando saves, munição e analgésicos. Um artifício já usados em outros jogos, como Resident Evil, para compensar a falta de um modo multiplayer. O que é sem dúvida a grande omissão de Max Payne. O problema é que em Resident Evil eram incluídas pequenas mudanças na história e você podia jogar com outros personagens. Em Max Payne nada muda nos dois novos modos.
Mesmo com algumas omissões importantes, Max Payne é daqueles jogos que você tem que jogar do início ao fim, nem que seja uma vez. Pois poucos games para PC conseguem aliar ação e enredo de forma tão harmoniosa e cativante como Max Payne. Fácil, fácil um dos melhores games de 2001.
Prós: Simplesmente o melhor jogo de ação em terceira pessoa de todos os tempos. Pelo
menos até agora.
Contra: Não tem multiplayer. Nada o que fazer aqui depois de completar o game pela terceira vez. As
duas fases de sonho/viagem são um tremendo desperdício
de tempo.
Requisitos Mínimos:
Processador AMD/Intel 450 MHz (ou compatível)
Placa Gráfica com 16 MB, compatível com Direct3D
128 MB de RAM
Sites Relacionados
http://www.maxpayne.com
http://www.godgames.com
http://www.greenleaf.com.br