The Last of Us - a crítica remasterizada

Como é possível que o jogo sobre um catador de lixo e uma adolescente mutante seja considerado o melhor da sua geração? The Last of Us é mesmo o melhor jogo de todos os tempos? Spoiler: não, mas de jeito nenhum. A ZeroZen resolveu fazer a primeira crítica remasterizada da internet brasileira. Vamos analisar as principais resenhas sobre o game e provar que todas estão erradas.

Antes de mais nada, se alguém ainda não jogou The Last of Us, um resumo da história. A humanidade foi atingida por um surto infeccioso de um fungo parasita Ophiocordyceps unilateralis, no jogo é apelidado de Cordyceps. Esse fungo existe na vida real e infecta formigas. Bem, a maior parte da população morreu ou foi infectada. O fungo se espalha por esporos atacando o sistema nervoso do hospedeiro. Há um prólogo que mostra os efeitos da contaminação e o caos que se seguiu. Há um momento impactante que define o que o game quer dizer: "isso começou mal e não vai terminar bem". Então, 20 anos depois a trama acompanha as aventuras de Joel, o maior catador de lixo do mundo, e Ellie a menina mutante que pode ser a salvação da humanidade.

Vamos a crítica remasterizada:

The Enemy
"(...) uma das melhores narrativas da geração passada de consoles. The Last of Us é uma tocante história sobre perda e companheirismo disfarçada de jogo de ação pós-apocalíptico."

Bem, essa história é nitidamente inspirada no livro A Estrada (2007), do autor norte-americano Cormac McCarthy. Sim, é o ponto alto do jogo. Mas a Naughty Dog costuma se esmerar nesse quesito, principalmente em Uncharted 4. Ou seja, The Last of Us não é melhor jogo da sua geração. Aliás, sequer é o melhor jogo feito pela Naughty Dog...

TechTudo
"O enredo de The Last of Us é um excelente exemplo de que os jogos podem também contar uma história digna de uma obra literária."

Menos, bem menos. Todavia é uma história que faz o jogador se importar com os personagens. Mas quem escreve uma bobagem dessas leu poucos livros e jogou poucos games...

TechTudo
"A jogabilidade de The Last of Us é um dos pontos mais interessantes do jogo. Qualquer mecânica apresentada no game sempre esbarra em um dificuldade desafiadora, que agrada e torna a experiência mais realista. A começar pela movimentação de Joel, o personagem não possui uma corrida tão eficiente e rápida como deveria, porém é suficiente para não permitir que nenhum descuido, como escorregar o dedo do botão, seja cometido na hora de fugir de seus inimigos."

Errado. Muito errado. A jogabilidade é irritante, frustrante e profundamente idiota. Desde quando eu não posso pegar as armas dos inimigos que eu matei? Joel tem algum problema ético com isso? Desde quando, eu atiro três vezes com uma escopeta em um estalador e ele não morre, mas basta um coquetel molotov para destruir um dos monstros mais perigosos do jogo? Mais ainda: como os infectados morrem e não te deixam munição? Que mundo realista é esse? A melhor maneira de seguir em frente em The Last of Us é fazer o oposto do que o game quer que você faça. E isso está completamente equivocado.

Cinematecando
"O jogo é um Survival Horror, onde Joel e Ellie precisam enfrentar inimigos variados – desde humanos à infectados. O jogo é considerado difícil para um jogador iniciante. Mesmo não sendo nenhum Dark Souls, como Joel é um sobrevivente comum e com os recursos escassos, é difícil ficar comprando briga com todos os inimigos que aparecem no jogo. "

Sim, The Last of Us é mais difícil que a maioria dos games dessa geração. Porém, para quem já enfrentou os desafios de Half-Life, por exemplo, sabe que a melhor tática é sempre: "os covardes vivem mais". Não é preciso comprar briga. Não é preciso pegar todos os colecionáveis. Simplesmente, abandone a sua ganância e foque na missão.

Feededigno
"Toda a premissa do game, parece já estar batida com todos os games da franquia Resident Evil e outros milhares de jogos de zumbis, mas te garanto que nenhuma aventura/drama/história é como a de The Last of Us."

A palavra zumbi nunca é usada no game. Mas em Resident Evil, por mais difícil que seja o game, um tiro na cabeça é suficiente. Inclusive, atirar em outras áreas dos infectados, por exemplo as pernas, deveria provocar alguma reação. Isso é realismo. Certo, Naughty Dog?

MeuPS
"Você irá controlar Joel, trabalhador da construção civil, um amoroso pai solteiro que está em busca de dias melhores porém, seus sonhos são bruscamente interrompidos e sua vida é alterada profundamente."

Nada demais. Só que Joel é, na verdade, um catador de lixo, por que para sobreviver o jogador precisa entrar nas casas e prédios abandonados e coletar o que sobrou. A partir daí é possível montar kits médicos, coquetéis molotov, bombas de prego e por aí vai. Joel está tão acostumado ao fundo do poço, que de esmera bastante nesse tipo de tarefa, por isso tira de letra a fase no esgoto (uma das melhores de The Last of Us)

MeuPS
"O game é linear e só existe um único caminho a se seguir no entanto, os cenários são amplos e permitem uma vasta exploração. Cada construção, casa ou sala tem os seus detalhes únicos e percebe-se que as pessoas abandonaram rapidamente o local, levando somente o que podiam. Você irá explorar casas, hotéis, museus, universidades, subterrâneos e hospitais."

Sim. O game é absurdamente linear. Há muita exploração, o que vai garantir a munição e as armas necessárias para o confronto. Só que, vale lembrar, os covardes vivem mais. Ou seja, há sempre uma única saída da fase. Então, se você sabe qual é esse ponto, é só correr para lá e a cutscene começa. Ou seja, a dificuldade do game reduz consideravelmente. Mas e os colecionáveis? Foque na missão, seu mirim!

MeuPS
"Para sobreviver em The Last of Us não basta somente armas, é necessário coletar diversos outros itens que podem fazer a diferença nas horas mais complicados e qualquer coisa serve, um trapo, garrafas, esparadrapos, pregos e latas se transformam em poderoso utensílios nas mãos de Joel."

O melhor catador de lixo do mundo faz milagres. A verdade é que não vale a pena fazer isso na primeira vez que se joga o game. Por que, mesmo com todo esforço, não vai ser possível subir todas as armas para o nível máximo. Então, deixar certas áreas de lado significa uma enorme economia de munição. A gente não já explicou que os covardes vivem mais?

Voxel
"O jogador é livre para agir como quiser nas cenas de combate, podendo ser furtivo ou agressivo. Mas, na hora de seguir de um local para outro, poderá fazê-lo de uma única maneira, apenas."

Sim e não. O jogo falha em ambos quesitos. Na hora do combate a mira de Joel está longe de ser precisa. E ele pode ir melhorando isso ao longo do game. Mas, no geral, leva muito tempo para esse tipo de ataque ficar satisfatório. Na parte stealth, os inimigos têm uma audição aguçada, que beira o ridículo. Somente Ellie, a garota mutante, pode passar na frente dos monstros que eles simplesmente ignoram a sua presença. Mas se não dá para atirar nem ser furtivo, como ir em frente? Simples. Encontre a saída e corre para a cutscene.

Eurogamer.pt
"Existem nove armas diferentes, que se juntam às garrafas e tijolos espalhados por todo o lado. Podemos utilizá-los para arremessar à cabeça dos inimigos, mas o seu propósito principal é criar distrações sonoras para orientar os infectados nas redondezas."

Errado. Muito errado. Tijolos e garrafas criam distrações, mas são muito mais efetivos se atirados na cabeça dos inimigos. Eles ficam atordoados por um tempo e vulneráveis a uma finalização. Essa tática pode ajudar em fases onde a munição é escassa.

Nos Bastidores
"The Last of Us, nos coloca em diversas situações contra os infectados e outros sobreviventes e cada uma delas totalmente diferente uma das outras. Nenhum encontro é igual, nenhuma estratégia sempre dará certo."

Na verdade, só existe uma estratégia que sempre dá certo. Chama-se: os covardes vivem mais...

Dimensão Geek
"Os humanos possuem os mesmos recursos que Joel, com a diferença de que a munição deles é infinita e, via de regra, possuem proteção corporal."

Os humanos têm munição infinita que magicamente desaparece quando eles são abatidos. E não é possível pegar esse fantástico colete a prova de balas que eles usam. E tem gente que insiste em dizer que The Last of Us é um jogo realista. Por favor... Detalhe: os inimigos humanos possuem um comportamento padrão. Ou seja, vão procurar proteção quando começar o tiroteio (alguns vão tentar flanquear o jogador). Em vez de trocar tiros à moda Uncharted, experimente correr e contornar esse obstáculo. Normalmente, o NPC vai estar desprevenido, pronto para um tiro de escopeta...

Mobilebit
"(...) uma verdadeira obra de arte que mesmo com a pouca diversidade de oponentes nunca fica enjoativo, é comum encontrar pessoas que já o tenham zerado várias vezes, ele é viciante e tem um ótimo fator replay."

Nada a ver. A pouca diversidade é justamente o que torna o combate enjoativo. Depois que se descobre a eficácia de um coquetel molotov (e das bombas de prego) contra os estaladores, boa parte dos problemas estarão resolvidos. Quanto à questão do fator replay, ele serve apenas para quem tem a necessidade patológica de platinar o jogo. Na segunda vez, é possível liberar novas roupas ou acessórios para Joel e Ellie (bolsas, relógios etc), ou alterar a textura do jogo para deixá-lo com cores mais sombrias. De qualquer forma, somente jogando mais de uma vez é possível deixar as suas armas no nível máximo. Por que, ao iniciar um novo jogo você mantém as mesmas armas que possuía no fim da campanha.

Aliás, a platina em The Last of Us é tão absurda, que será necessário zerar a campanha, pelo menos, três vezes.

Combo Infinito
"Perto da parte final do jogo, isto só se reforça e espere por um dos momentos mais marcantes de todos os tempos no mundo dos games. Nunca uma cena foi tão sublime, tão mágica, mesmo que tão simples."

Exagero típico dos millennials que só conhecem os jogos produzidos depois de 2010. De qualquer forma, alguém na Naughty Dog gosta muito de girafas....

Resumo: The Last of Us faz um bom trabalho na parte gráfica e no áudio. O roteiro sustenta o game. Mas a jogabilidade é horrenda. Na maioria das vezes é mais interessante não fazer o que o jogo quer para avançar. Em hipótese alguma é o melhor jogo da sua geração e muito menos o melhor jogo já feito pela Naughty Dog.

J. Tavares

Prós: Roteiro; e diálogos;

Contras:
Jogabilidade tacanha;

Lomadee, uma nova espécie na web. A maior plataforma de afiliados da América Latina.