Knack 1 e 2

Knack é um jogo que faz parte da história da Sony. Não que mereça. Mas por que, acredite quem quiser, o sujeito que comprou um PS4 na data de lançamento, ou seja no distante ano de 2013, recebeu uma cópia do game instalada no HD do console. Horas em uma fila mais uma tonelada de dinheiro para ter o direito de jogar Knack? Isso não poderia dar certo. E não deu. Quatro anos depois houve uma continuação e mais uma uma vez o game fracassou. A ZeroZen vai mostrar como um potencial mascote do PS4 terminou na fila do seguro desemprego.

Knack 1

Qual é a ideia de colocar um game no HD do PS4 para os primeiros compradores? Fácil. Mostrar o potencial do console. É para quem investiu dinheiro ficar mesmerizado e mostrar como a nova geração é superior à anterior. E a Sony escolheu Knack... O jogo tinha aquela cara de PS3. Gráficos medianos que não exploravam nem 10% do potencial do console. Para piorar o roteiro era previsível como itinerário de elevador e repleto de personagens sem qualquer vestígio de carisma.

Na verdade, Knack era um jogo de ação das antigas. Das antigas mesmo. Talvez fizesse sentido no PS2. Para deixar as coisas ainda piores, basicamente não havia muitas alternativas no lançamento do PS4 (era algo em torno de 10 a 13 games disponíveis). Entendeu por que retrocompatibilidade é importante, Sony?

O resultado é que muita gente - por falta de coisa melhor para fazer - arriscou conhecer o game feito pelo Japan Studios. Na trama, passada em um mundo alternativo, os humanos trucidaram os Goblins, que, é claro, estão em busca de vingança. Para impedir que isso aconteça, a humanidade conta com o auxílio de Knack.

Aliás, cabe um parêntese. Os NPCs desse game não fazem nada. Estão o tempo todo se gabando de serem melhores do que os Goblins, mas quem faz todo o serviço é o Knack. Eles são mais inúteis do que gente com bom senso no governo Bolsonaro. O game criou os primeiros NPC-PNC...

Knack, na falta de uma definição melhor, é uma espécie de Golem. Ele dá socos e chutes e derrota uma série de inimigos (que não são tão variados assim) . Os puzzles são bobos e a parte de plataforma é fácil. A movimentação e o combate são simples. A impressão que se tem é que o jogo foi pensado para crianças.

O diferencial de Knack é que ele pode crescer de tamanho. Ao longo das fases ele vai coletando pedaços de relíquias e se tornando cada vez maior. É um conceito interessante. O jogador sofre para matar inimigos, mas vai - literalmente - crescendo na parada. Ao ponto que, às vezes, basta um tapa para nocautear os adversários.

O problema é que sempre que Knack cresce e o combate vai ficar divertido, ele precisa usar as relíquias para ligar uma máquina, por exemplo. Então, vira um nanico e o jogador precisa novamente coletar tudo de novo. O game segue sempre mediano e termina de forma melancólica. Esse devia ser o fim das aventuras de Knack, mas quatro anos depois ele estava de volta.

Prós - É um jogo bom para crianças (coisa rara no PS4)
Contras - Todo o restante (jogabilidade, gráficos, roteiro, etc)

Knack 2

O culpado pela tragédia chamada Knack não é um sujeito qualquer. Mark Cerny, diretor do jogo, foi responsável também por Crash Bandicoot e Spyro, games clássicos e que contam com uma boa base de fãs até hoje. Então, ele chegou na Sony e pediu mais uma chance. Foi interessante mostrar aos executivos que Knack - apesar de tudo - vendeu mais de um milhão e meio de cópias (Cerny pode ter esquecido de avisar que boa parte ocorreu por conta do lançamento do PS4).

De qualquer forma, o projeto foi em frente e em 2017 saiu o esperado (sic) Knack 2. Cerny, em entrevista, garantiu que estava atento ao feedback recebido pelo jogo anterior. O Japan Studio levou em conta análises, fóruns, blogs, tweets, comentários e sessões de jogo. Ficou claro para a equipe que Knack era percebido como um jogo de ação da velha guarda com um leque de movimentos muito simples. Algo que não funcionava mais na nova geração.

Qual foi a solução? Ampliar os movimentos que Knack pode fazer. Sério? O problema era só esse? Cerny garantiu que Knack 2 era algo mais próximo da visão do game. Era isso que devia ter sido entregue no lançamento do PS4. Bem, ele segue sendo um jogo de ação das antigas. Das antigas mesmo. Talvez fizesse sentido no PS2. Mas agora em 2017 com um monte de games disponíveis para PS4? De jeito nenhum. E os jogadores mostraram todo o seu desprezo e descontentamento. De acordo com os números fornecidos pela Famitsu, Knack 2 vendeu apenas 2.601 cópias na primeira semana de lançamento no Japão!! 67 mil em todo mundo. Um fracasso brutal.

Verdade seja dita, Knack 2 tem mais plataformas, mais combates, mais quebra-cabeças, e movimentos com mais recursos. Ele pode aparar ataques, por exemplo. Há muito mais golpes disponíveis e é possível evoluir os mesmos. Finalmente, o game percebeu que o senso de escala é importante. Agora Knack cresce e não precisa diminuir de tamanho a toda hora (a não ser para resolver puzzles). O combate ficou um pouco melhor e Knack continua podendo incorporar elementos para criar uma espécie de armadura. Ele pode absorver de materiais diversos, como gelo, metal ou ferro. Cada um deles gera um poder especial.

Como os goblins foram trucidados no game anterior surgem os altos goblins. Ou seja, mais gente para Knack espancar. O roteiro ainda tenta criar uma reviravolta, mas segue previsível como itinerário de elevador. Os gráficos também receberam um bom upgrade. Aliás, Knack 2 evolui um pouco em quase todos os aspectos. Mas essa melhoria definitivamente não é suficiente para fazer um bom game.

Por que, em essência, Knack 2 continua sendo um jogo de ação da velha guarda (com direto a câmera fixa!). A novidade mais interessante do game é o modo cooperativo. Existem golpes exclusivos que só podem ser realizados com dois Knacks ao mesmo tempo. Só que isso é muito pouco. Pasmem! Knack 2 possui suporte para PS4 Pro, o que se trata de um caso de DIG (delírio de injustificada grandeza).

Em tempo, Knack 2 teve mais tempo para elaborar um roteiro e, mesmo assim, consegue produzir algo inferior ao primeiro game. Para que se tenha uma ideia. O jogo começa em uma cena de ação (clichê 1) até ser interrompida em um momento de grande perigo para o herói (clichê 2). Daí o roteiro volta no tempo (clichê 3) e só próximo do final do game o jogador vai retornar à cena inicial. Só que o roteiro é tão tosco que obriga as pessoas a passarem de novo pela primeira fase!! Tudo de novo! Não há novos inimigos, não há novos caminhos. Nada, rigorosamente nada justifica essa bizarrice.

J. Tavares

P.S.: Knack 2 foi o jogo escolhido para Alemanha e China na promoção Play At Home. Os demais países receberam Journey. Na Alemanha o isolamento social já é a regra, então o jogo não faz diferença nenhuma. Já no caso da China, deve ser sido vingança mesmo (já leu o nosso ZZ-files sobre o Corona Vírus?)

Prós - É um jogo bom para crianças (coisa rara no PS4)
Contras - Todo o restante (jogabilidade, roteiro, etc)

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