Horizon Forbidden West
A Sony estava tranquila e confiante. O lançamento de Horizon Forbidden West seria um sucesso retumbante. O jogo anterior Horizon Zero Dawn demorou para ganhar status de franquia milionária, mas acabou sendo beneficiado pela pandemia. Foi um dos brindes da iniciativa Play At Home. Tudo indicava um futuro brilhante para Aloy. Até ela ser atropelada por Elden Ring.
Basicamente, Horizon Forbidden West foi lançado uma semana antes de Elden Ring. E ficou conhecido como o jogo que as pessoas compraram para não jogar. Simplesmente largaram o game de mão. Por que todo mundo resolveu ser destruído, humilhado, volatilizado, por criaturas demoníacas da FromSoftware do que matar dinossauros robôs.
Contudo a grande questão é: Horizon Forbidden West merece mesmo ser deixado de lado? A verdade é que a Guerrilla Games fez uma continuação na qual conseguiu melhorar cada aspecto do jogo original. O problema é que Forbidden West tem mais coisas para fazer, mas também tem mais erros do que o seu antecessor.
O mais incrível é que Horizon Zero Dawn também foi atropelado por outro game. O trabalho anterior Guerrilla foi injustamente comparado a Zelda: Breath of the Wild. Esse é provavelmente um dos melhores games de mundo aberto de todos os tempos, além de ser o único motivo digno e correto para comprar um Nintendo Switch...
Com Horizon Forbidden West a Guerrilla Games criou um mundo incrível para ser explorado. A pergunta é: então por que ela não deixa os jogadores fazerem isso? Nas configurações de acessibilidade do game é possível deixar habilitado os pontos nos quais Aloy pode escalar. São marcas amarelas. Em tese, isso não seria necessário. O mundo deveria estar cheio dessas marcações. Mas não é isso o que acontece. Frequentemente existem locais pedindo para serem escalados, mas são apenas paisagens decorativas...
Ao longo do tempo, esse mundo aberto "pero no mucho" vai irritando o jogador. Por exemplo, em um determinado momento, Aloy tem de passar um desfiladeiro. Bem, ela poderia descer de um lado e escalar de outro. Mas nada feito. A Guerrilla quer que o jogador derrube uma árvore e depois atravesse. Esse tipo de solução única não faz muito sentido com a proposta de Horizon Forbidden West.
Horizon Forbidden West também implementou um complexo sistema de crafting. Aliás, é tão cheio de detalhes e minúcias que deixou de ser divertido para virar um trabalho. Agora não basta derrotar as máquinas, é preciso obrigatoriamente extrair algumas peças específicas durante a luta. Mas falar é fácil. O combate do jogo segue sendo brutal. Nos níveis mais difíceis, essa tarefa é tão complicada quanto ver o Inter ser campeão.
No começo do jogo, o modo furtivo segue sendo essencial. A ideia não só é abater as máquinas sem ser visto. Mas também economizar para comprar armas e trajes melhores. Porém, um dos recursos mais interessantes foi retirado. Antes Aloy se escondia em uma moita e assobiava. O incauto dinossauro robô se aproximava e era finalizado em um golpe só. Agora, como diabos a pessoa desaprende a assobiar? Em tese, a heroína só pode assoviar para chamar as montarias. Ou seja, não faz o menor sentido.
Outra coisa complicada no começo de Horizon Forbidden West é o ritmo da história. Depois de um rápido tutorial, que recapitula os eventos do jogo anterior, Aloy parte para o Vão. No local será realizada uma embaixada. Sem ela, não será possível ir para o Oeste Proibido. É quase como se fosse um DLC da história principal. Dá para ficar no mínimo umas 15 horas explorando o local. Aliás, isso é essencial para subir de nível e comprar armas mais efetivas.
O problema é que - no começo do jogo - a heroína sempre faz questão de ressaltar o quão urgente e vital é a sua missão. Mas quase nada do que ela faz no Vão é essencial. É simplesmente um atraso. Embora, verdade seja dita, as histórias do local são interessantes. E dá para aceitar a ideia de que mesmo depois da extinção da humanidade a burocracia continua atrapalhando a vida das pessoas.
Em essência, o roteiro do jogo quer passar uma urgência que não faz o menor sentido com o estilo de exploração existente em Horizon Forbidden West. Bastava Aloy desconfiar de um evento maligno e ir investigar. Por que o resultado final é a heroína sabendo que o mundo vai acabar e mesmo assim segue fazendo uma tonelada de missões secundárias para subir de nível, digo, para ajudar as pessoas no caminho.
Muitas inovações não deram certo. A corrida com máquinas é idiota embora exista uma surpresa no final. As arenas de luta são tutoriais e justamente por isso não são divertidas. As arenas contras as máquinas são um massacre (e por isso são divertidas). O jogo Ataque das Máquinas tenta emular o Gwent de Witcher 3. O resultado é apenas razoável. Já o planador é uma cópia, digo, homenagem a Zelda Breath of The Wild. Funciona. Os contratos de coleta e as relíquias são adições interessantes e valem ser conhecidos.
Os contratos de coleta fazem com que o jogador busque determinadas peças de máquinas para a montagem de um traje especial. As recompensas são boas e é uma maneira fácil de subir de nivel. Mais importante ainda: faz sentido dentro da aventura e estimula a exploração do mundo. Já as relíquias são um puzzle a ser resolvido. É o momento Tomb Raider de Aloy. Serve como um descanso da narrativa.
Há muita explicação, muita conversa em Horizon Forbidden West. O game também tenta trazer praticamente todos os personagens de volta, de um jeito ou de outro. A história é coerente e sem muitas surpresas. Os novos inimigos já eram citados em Horizon Zero Dawn. Nem precisa dizer que o final do game deixa margem para uma continuação. A árvore de habilidades cresceu de forma exponencial e foi acrescentado um elemento interessante: o impulso de bravura.
Apesar das muitas opções, só dois realmente valem a pena. Um que usa peças de ardiloso para deixar Aloy invisível e outro que amplia o dano de um ataque a distância em até 200%. Uma curiosidade: a conversão das máquinas também sofreu alterações e agora nem sempre ao terminar um caldeirão todas estarão disponíveis. Vai ser preciso buscar algumas peças bem específicas para finalmente conseguir usar esse poder.
Horizon Forbidden West é - até o momento - a melhor justificativa para comprar um PS5. Os gráficos são impressionantes. O desempenho também. No PS4 Pro o game também se mostra incrível na parte visual. Já no PS4 base, o jogo roda. O videogame faz aquele tradicional barulho de turbina de avião, mas não há engasgos ou travamento.
Agora... Aloy deixa um impressionante rastro de destruição pelo caminho. Afinal de contas, evoluir armas e bolsas é bem mais trabalhoso. Isso sem falar que ela pode comprar comidas e com isso ganhar um reforço de vida. Ideal para aquelas lutas mais complicadas. Só que - de novo - é preciso coletar recursos bem específicos. Então, ela vai eliminando máquinas e animais sem parar. Ou seja, será mesmo que ela quer salvar o Planeta?
Prós - gráficos da nova geração, combate segue divertido, roda bem mesmo em um PS4 base.
Contra - ritmo inicial da história é completamente equivocado
Prós:
Bons Gráficos;
Mapa gigantesco e variado;
Matar dinossauros robôs;
Contra:
Missões secundárias sem inspiração;
Inteligência artificial dos humanos;